Afinal de contas, se não houver golpe de teatro de última hora, haverá apenas um candidato à presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional; Mário Figueiredo, precisamente, o meu favorito! A sofreguidão dos múltiplos candidatos foi tal que conduziu à displicência e atabalhoamento processual, reflexo, afinal, da ligeireza dos respectivos projetos. Não é fácil perceber o que efetivamente se passou nomeadamente com a candidatura de Fernando Seara. Seria, em princípio, um projeto de convergência visando a credibilização do futebol, como condição para o progresso económico dos clubes. Seara tem perfil para o efeito dada a cultura de respeito pelo adversário, capacidade essa que lhe confere argumentos para aspirar ao diálogo universal. Acontece porém que, como tem demonstrado a história recente, com Pinto da Costa e seus correligionários no processo, qualquer projeto de convergência está condenado ao fracasso dada a compulsiva incapacidade destes em estabelecer compromissos em pé de igualdade. Há uma grande crispação entre os adeptos benfiquistas contra Seara, pelos alegados acordos com "o inimigo", sobretudo pela aproximação a Joaquim Oliveira, cujos interessas passam pela subjugação de todos os clubes, em especial do Benfica, aos interesses do Porto. Por isso os benfiquistas o detestam. Por isso não lhe perdoarão, a não ser que apresente explicações condignas. Quanto a Rui Alves, parece que a sua candidatura não cumpriu os pressuposto regulamentares. De qualquer modo, não vislumbrei que virtudes poderia ter o seu projeto.
Apesar do sucessivo esvaziamento de poderes da LPFP pela FPF, ultimamente com a ajuda do Governo, pela turbulência gerada em volta do ato eleitoral em curso, percebe-se que ainda lhe subsiste poder suficientemente relevante. Desde logo o financeiro. Dado o esvaziamento dos estádios, os clubes ficaram reféns do financiamento proveniente dos respetivos direitos desportivos e, implicitamente, da entidade que os tem adquirido em regime de monopólio. Quando esta entidade tem fortes ligações, implícitas, ao concorrente que tem dominado o futebol português nas últimas décadas, é inevitável a emergência da convicção entre os adeptos do efeito, direto e indireto do condicionamento do desempenho desportivo dos restantes. Ora, Mário Figueiredo, revelando clarividência e coragem invulgares, pretende acabar com um regime que tem conduzido ao empobrecimento da maioria dos clubes, centralizando os direitos e abrindo a sua comercialização à concorrência efetiva. Esta constitui uma ameaça grave ao sistema azul, pela neutralização da alavanca financeira e pelo perigo de generalização da "afronta". Só a independência financeira dos clubes proporcionará um campeonato atrativo, capaz de maximização das receitas. Mário Figueiredo é inteligente, preparadíssimo no plano jurídico, conhecedor de ginjeira dos bastidores da bola, tem revelado uma coragem inaudita, e vai lutar pela independência da Liga, face a uma FPF que a pretende esvaziar e manietar, agora com a subtil ajuda do Governo. É uma luta dura, desigual, eu sei, mas que tem que ser travada, sob pena da decadência crescente do futebol português, até à indigência.
Bruno de Carvalho, pateticamente, tenta ganhar posição pública incluindo o Benfica no "sistema", descredibilizando-se perante os factos da história recente. Parece desconhecer que, uma vez perdida, dificilmente se recupera a credibilidade, mesmo ganhando, e não é a bajulação dos hipócritas que a traz de volta.
Parece que o Benfica se tem mantido higienicamente afastado deste processo, "disponível para ouvir os candidatos e depois votar". Uma atitude saudável que, espero, não se traduza num alheamento destas questões. que, como se tem visto até noutras modalidades, são muitas vezes decisivas para definir os vencedores, como aconteceu esta época, mais uma vez, no hóquei.
Parabéns ao Atletismo, ao Hóquei Feminino e ao Hóquei Masculino. Futsal e Handebol, não há que desanimar; há sim que trabalhar em conjunto e com inteligência. Só os melhores podem aspirar a ganhar, desde que o queiram.
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