
Talvez seja esta, afinal, a razão da referência que fez ao caso Talisca, relativizando o mérito do departamento técnico do Benfica, considerando-o um acaso resultante de alegadas dificuldades burocráticas no Reino Unido relativamente ao atleta em causa. Pessoalmente, não acredito, porém, todos sabemos que o futebol português não tem como pedir meças ao inglês, cuja receita, com os direitos televisivos é só de mil milhões de euros esta época. Fora tudo o resto. Mas também poderá ser motivada por "dor de cotovelo" por causa de Markovic ou por alguma encomenda dourada dos seus "velhos amigos" do passado, atónitos com o desempenho dos vermelhos, já por eles considerados moribundos.
Mourinho tem formação superior, com um currículo notável é um dos melhores treinadores da atualidade e é frequentemente grosseiro com colegas e atletas. Jesus tem a escola da vida, dá pontapés na gramática e ombreia com os melhores na sua profissão, ao serviço de um clube com um orçamento cerca de vinte por cento do dos clubes que Mourinho tem representado. Este, preferiu o caminho fácil para o sucesso ao aderir ao sistema que tem feito de qualquer um campeão aquém e além fronteiras. Ao contrário, Jesus, com a suas limitações, incorrecções e erros, aderiu a um projeto, aceitando e enfrentando o risco do fracasso, dada a adversidade do ainda poderoso sistema vigente no desporto nacional. Escolheu o caminho mais difícil, levando a sua equipa a produzir um futebol que pela sua espetacularidade e determinação tem fascinado o mundo do futebol, apesar das vicissitudes cada vez mais perceptíveis no futebol europeu.
Nobreza de carácter é não renunciar às origens humildes, aos seus, nem pretender ser outro com trejeitos pedantes de novo rico e pretensões pseudointelectuais. Pobreza de caráter é diminuir o mérito dos outros com alusões insultuosas que nada têm a ver com a substância do tema em causa. Se, um dia amadurecer, Mourinho, finalmente, irá compreender isto.
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