Desporto

sábado, 27 de dezembro de 2014

O Futuro do futebol nacional é a Controlinveste!

       Finalmente a Luz!, afinal, a salvação dos clubes nacionais vem...uau!...da Controlinveste!, agora sim, já os jogos da modesta Taça da Liga interessam à TVI!, quem diria, quando ainda há bem pouco tempo nem os jogos do "Campeonato" lhe interessavam!, que mágico poder é este que detém a Controlinveste, acionista de todas as SAD e da Sport TV, esta, agora presidida por Proença de Carvalho, que desbloqueia todas as portas?, que mágico poder é este que leva os dirigentes a abandonar o projeto de autonomia dos seus clubes defendido por Mário Figueiredo em favor da dependência relativamente ao Grupo que mais tem lucrado com o futebol?
      Perante a determinada e lúcida luta de Mário Figueiredo pela autonomia financeira dos clubes contra a obsceno monopólio que se instituiu no futebol nacional nas últimas décadas, perante o prolongado silêncio da Autoridade da Concorrência relativamente à queixa da Liga contra a Olivedesportos, perante as implícitas ameaças do Governo à Liga na sequência da alteração da Lei de Bases das Federações Desportivas, que até parece ter sido feita à medida, perante a "cega" reclamação de pagamentos em atraso por parte da FPF à LPFP apesar de conhecedora da total falta de meios para o efeito, os habituais patrocinadores das competições futebolísticas nacionais, revelando um medo cúmplice, não renovaram os seus apoios, induzindo o "afundanço" económico  daquela instituição e dos clubes, até à claudicação do próprio Benfica, o principal clube prejudicado pelo "sistema", cujos dirigentes, ingenuamente arvorados da responsabilidade de salvar o futebol, pensam ter alcançado um compromisso de cavalheiros com os dirigentes do Porto. Puro engano!, o "sistema" está de volta e muito bem arquitetado. Vamos vê-lo a funcionar em pleno já nesta 2ª volta!, o conselheiro matrimonial da paróquia anda já por aí a mandar recados!, regressará o velho padrão dos erros humanos dos árbitros e auxiliares enquanto os "queixosos" serão de novo apodados de "queixinhas".
      Este "fenómeno", não constituindo surpresa para ninguém, revela, afinal, o estado caótico e paradoxal a que chegámos enquanto Povo, permitindo ou compactuando com práticas que, manifestamente, violam os mais elementares princípios da doutrina democrática, por acaso...mas só por acaso, constitucionalmente consagrados. Revela a total falência dos clubes nacionais, que, incapazes de sobreviver sem a tutela dos "donos disto tudo"que se apropriaram das receitas antes provenientes dos adeptos que iam aos estádios, não hesitam em alienar a sua própria soberania, induzindo entre a população o nauseabundo e velho cheiro da suspeição. Não é apenas o futebol que está em causa!, são também as instituições que têm a obrigação de zelar pelos essenciais valores da sociedade. São os próprios valores democráticos!, é a própria Democracia!
      Afinal, como já sabíamos, Mário Figueiredo tinha razão na queixa apresentada pela Liga, mas teve que sair para que, finalmente, a AdC, se pronunciasse, impondo uma reformulação nos contratos da Olivedesportos, que, fundamentalmente, permitirá manter tudo como estava. Até porque, parece que é isto que os clubes querem. Sem Olivedesportos, sem Controlinveste e sem Sport TV , não haverá futebol em Portugal! Mas havia!
      Quanto a Luís Duque, acabou de dar um segundo tiro no pé!, o primeiro foi o de ter aceite o cargo apesar do ambiente de crispação com o seu próprio clube e do seu histórico de práticas hostis para com o Benfica. Ao aceitar os "bons ofícios" da Controlinveste na procura de patrocinadores para o "naming "da Taça da Liga, Duque revelou afinal a sua total incapacidade nas áreas financeira e de marketing, alienando grande parte da sua própria autonomia em favor do patrocinador primário. E isto é mau para o futebol! Muito mau!, o "milagre" de Duque consiste, afinal, em devolver o futebol a Joaquim Oliveira!
      Está assim explicada a razão pela qual Fernando Gomes, afirmou na entrevista que concedeu ao jornal oficioso do seu clube "crer" que só uma plataforma de entendimento entre Porto Benfica e Sporting - por esta ordem -, detentores de massas de adeptos consideráveis, poderá potenciar o futebol. É que, para Gomes, essencial...,mesmo, mesmo, essencial para o futebol é a Controlinveste, essa infatigável construtora de sonhos! os três grandes clubes , com o Porto à frente, claro, só poderão dar uma uma ajudinha, desde que estejam de acordo na distribuição dos despojos! Ora, com regras simples, claras e universais, não serão necessários outros acordos. Fernando Gomes, implicitamente, revela a sua incapacidade de as definir, implementar e fazer respeitar, A TODOS POR IGUAL!
     Percebo que os dirigentes do Benfica tenham cedido perante o crescente "buraco" nas contas da Liga - constou que seriam da ordem dos 9 ME -, que inviabilizaria a continuidade das competições profissionais e, em última instância, o equilíbrio financeiro do próprio clube. Mas não deveria ter permitido que as negociações decorressem numa conjuntura indutora de respostas favoráveis a umas das partes, impondo condições que garantissem o equilíbrio entre os intervenientes.
      É claro para mim desde há muito, que o painel de fundo do futebol nacional assenta na aspiração regionalista de alguns setores do Porto e talvez do Norte e do país, historicamente subjugados e revoltados pela prepotência destruidora do centralismo da Capital, que vêm no futebol um primeiro campo de emancipação, elegendo o Benfica como símbolo desse centralismo e alvo prioritário da sua acção. Julgo porém que esta é uma estratégia que tende a produzir efeitos contrários aos desejados na medida em que confunde o regionalismo com práticas indignas a que temos assistido no âmbito do futebol, com origem, precisamente, no seu seio, hostilizando todo o universo benfiquista, cerca de 50 % a 60 % da população. Não serão as práticas de manipulação de resultados das competições nem a pancadaria instigada que atrairão adeptos à causa. Pelo contrário, a "separação das águas"  política e desportiva, associada a práticas de racionalidade, cordialidade e lealdade no desporto, atrairá aderentes de todas as frentes, para a derradeira emancipação do país da asfixia lisboeta.
      E estamos nisto! neste atavismo que lentamente vai corroendo os alicerces do futuro.

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