Jean-Claude Juncker reconheceu publicamente a ofensa à dignidade dos povos português, grego e até irlandês cometida implícita nos programas de ajustamento económico e financeiro impostos pela troica. Fica-lhe bem e decerto que não está só entre os seus pares, mas não deixa de ser frustrante, que, apesar disso, se tenha imposto aos povos "malcomportados" um tratamento eminentemente punitivo, por isso, vexatório. Pusemo-nos a jeito, é certo, e é certo que o ajustamento tem que ser feito; mas não no prazo adotado. Mais grave porém é o persistente ambiente de terrorismo económico e social que resulta da compulsiva produção de regulamentação europeia sobre tudo e mais alguma coisa, sujeitando os cidadãos dos países ditos periféricos a uma série de processos vexatórios que, mais tarde ou mais cedo, acabarão por aprofundar e difundir o sentimento antieuropeu e, finalmente, fazer nascer a revolta contra os povos do norte.
O que transparece de tudo isto é que os dirigentes europeus já não sentem as aspirações do povo; a sumptuosidade e o isolamento em que vivem, conduziu-os à relativização do sofrimento popular. Cometem o erro crasso de pensar que atenuam a contestação despejando dinheiro continuamente nas economias dos povos que humilham, quando o que fazem é continuar a distorcê-las promovendo a ineficiência e, sim, silenciando as elites locais que são quem mais lucra com tais apoios e quem mais compromete o desenvolvimento económico. Isto sim, é ainda mais grave! Tanto mais quando os povos locais viam nas instituições europeias o garante da sua dignidade contra a irresponsabilidade e nepotismo das "suas" elites!, afinal, aconteceu o contrário!, não só os dirigentes europeus ignoram tais aspirações, como são, eles próprios, fonte de humilhação! Nestes termos, o projeto europeu não tem futuro. Algo tem que mudar! As pessoas, têm que estar no centro das preocupações governativas! Há que fazer sair do papel para a realidade as propalada e hipócrita igualdade de oportunidades! Há que acabar com a mania da normalização cega e admitir a diversidade; na economia na cultura.... Por este caminho, paradoxalmente, acabaremos cada vez mais parecidos com as populações dos regimes totalitários...que ainda por aí andam. A europa dos "iluminados" não tem futuro, como nenhum outro regime com tal característica. E as elites nacionais têm que deixar de sacrificar os seus concidadãos em nome dos seus próprios interesses.
Só assim a europa e Portugal valerão a pena. Por alguma razão há portugueses a renunciar à nacionalidade!
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