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Foram pois as elites, que, na defesa dos seus exclusivos interesses, rendas, altos cargos e chorudos negócios, entregaram o reino de Portugal a Filipe II de Espanha. Alto clero, alta aristocracia e alta burguesia não hesitaram em trair o seu país perante as benesses prometidas pelo pretendente espanhol ao trono português. Incapazes de enfrentar as fragilidades económico-sociais de Portugal, depois de terem expulso os judeus e perseguido os cristãos-novos apropriando-se dos seus bens, fracassadas as expectativas de enriquecimento depositadas na campanha africana de D. Sebastião, as elites nacionais venderam o país ao rei espanhol a troco do seu próprio bem-estar indiferentes ao sentimento patriótico da restante população; baixo-clero, ordens mendicantes, baixa aristocracia, baixa burguesia e povo em geral. Até D. António Prior do Crato, cuja candidatura ao trono português era apoiada por judeus marroquinos, franceses e ingleses expulsos de Portugal, chegou a oferecer, sem sucesso, os seus préstimos a Filipe II a troco de 400000 cruzados e do cargo de governador de Portugal, que se dispunha a exercer em seu nome! Triste povo historicamente condenado à traição pelos seus "melhores".
Perante tais factos históricos, não espanta que as elites portuguesas atuais tenham entregado Portugal pós-colonial aos "novos soberanos" europeus; os mesmos que as financiaram durante décadas - e aos guerrilheiros africanos -, e lhes proporcionam, hoje, direta ou indiretamente lustrosos cargos e chorudas rendas, a troco da venda dos seus "produtos".
Tristes elites, pobre Portugal!
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