No que me diz respeito, ficou claro, logo no início da época, que a ambição europeia do Benfica consistia na passagem da fase de grupos. Feitos maiores só resultando da conjugação excecional de fatores como o sorteio, inspiração própria, desinspiração dos adversar ios e .....sorte com as arbitragens. Nada mais; a equipa não compensou a saída de Renato Sanches, causa primeira do sucesso relativo da época anterior. André Horta é um excelente jogador, mas diferente; infelizmente acabou afastado devido a lesão contraída, mais uma vez, na Seleção Nacional! É tanto azar que se deve investigar; tanto mais que desde há muito, se nota um evidente ostracismo no seio da FPF relativamente ao clube da Luz. Pizzi é fantástico, mas diferente; não tem a estrutura física e o carisma irradiante de Renato.
Relativamente ao jogo com o Dortmond; os dois jogos revelaram enorme diferença tática entre as duas equipas, já visíveis nos jogos com o Nápoles e o Besiktas, e isto tem sobretudo a ver com a natureza das Ligas alemã e portuguesa. Cada clube desenvolveu o tipo de jogo adequado à sua realidade local. Cá, os encarnados estão habituados a ter a bola e trocá-la "pachorrentamente" antes de desferir as ofensivas - em fogachos - aos adversários, habitualmente acantonados em frente da sua área. Ora o Borússia, não tendo, quanto a mim, jogadores tecnicamente superiores aos do Benfica, apresenta um posicionamento bem estruturado, uma dinâmica de elevada intensidade, que lhes permite recuperar rapidamente a posse da bola e lançar as ofensivas com pragmatismo e inteligência. Note-se uma particularidade já vista com o Besiktas e com o Moreirense; a dificuldade da defesa encarnada - quase insuperável no jogo aéreo - intercetar os cruzamentos a meia altura - dos 2º e 3º golos.
Para além do referido antes, parece-me pouco inteligente, insistir na progressão em jogo apoiado pelo meio campo quando o adversário revela uma perícia invulgar a fechar linhas de passe, isolando quase sempre todos os jogadores encarnados. Já os lançamentos longos - que os alemães usaram -, para as costas da defesa contrária desde a nossa defesa suscitando a entrada dos avançados, quando, com raridade, aconteciam, desposicionavam os amarelos, invertendo a ordem do jogo, obrigando-os a correr atrás da bola e a abrir espaços no eixo central, então sim, criando condições para a entrada dos médios.
Este Benfica não luta pela posse da bola, prefere recuar - chegou a ter cinco defesas em linha e três trincos -, marcando à zona e esperar que o adversário a perca. Isto resulta com equipas mais fracas, não com as do calibre do Dortmond; entregar-lhes a bola é suicídio certo.
Não estando em causa o desfecho da eliminatória, mais uma vez, a UEFA, revela as suas preferências através do desempenho dos árbitros; quanto a mim; grande penalidade por assinalar, expulsão perdoada e golo em fora de jogo, com prejuízo do Benfica nos três casos. O sonho, afinal, não era impossível! Os jogadores do Borússia de Dortmond sabiam-no...e temiam-no, demonstraram-no a partir dos oitenta minutos, quando desataram a fazer o anti-jogo, miserável, qual Moreirense. É verdade! Diga-se de passagem, que abomino, por fastidioso, o futebol tipo tiki-taka, que, à semelhança do Barcelona, apresentam.
Olhando para o projeto desportivo do Benfica noutra perspectiva, ninguém tem dúvidas de que a instabilidade desportiva provocada pela necessidade de financiamento corrente é a primeira razão da frustração de maiores ambições europeias. Em particular, as despesas de capital, resultantes do excessivo endividamento, consequência da opção pela construção do novo estádio. Por outro lado, o assinalável crescimento económico dos últimos anos, graças sobretudo ao extraordinário impulso das receitas da formação, só fará sentido se proporcionar aumento de competitividade da equipa sénior. E esta só será possível num quadro de redução do passivo de cerca de 50%, no curto-prazo.
Cabe aqui referir o empenho da FIFA e da UEFA em acabar com os fundos de investimento por suspeita de origem duvidosa dos mesmos. A verdade é que esta era uma forma de os clubes intermédios, como o Benfica, se fortalecerem, adquirindo e mantendo mais tempo nos seu planteis jogadores de maior qualidade, constituindo uma ameaça para os ditos "tubarões". Esta realidade foi uma evidência, nesta eliminatória; com o fundo de investimento, Renato poderia ter ficado mais um ou dois anos no clube, fortalecendo-o.
A correria de Filipe Vieira por essa Europa na promoção da venda de jogadores nucleares, se necessária ao financiamento corrente, foi desastrosa no plano competitivo, pela incerteza que lançou nos jogadores em causa - ninguém pode ficar indiferente à mudança fulcral da sua vida -, e todo o plantel. Julgo mesmo que terá sido o que aconteceu com Lindeloff, infeliz nos lances do 2º e 3º golo deste jogo, mas não só. Uma improdência com elevados custos
Por outro lado, é vital recentrar o clube, jogadores, adeptos e funcionários, na cultura das vitória plena e não na possível, eliminando o persistente discurso de conformismo e anuência que se tem estabelecido nos últimos tempos. Chega de invocar orçamentos, isto e aquilo; o primeiro passo para ganhar, é mental. Fala-se muito no Eusébio mas presta-se pouca atenção ao que ele diz.
É notório, tanto a nível interno como externo, o défice de diplomacia institucional do Benfica; Em todas as instituições desportivas o Benfica deve fazer-se ouvir através de gente respeitada no meio. Só assim conseguirá chamar a atenção para a necessidade de correção dos erros estruturais e circunstanciais das competições e atrair aliados para a sua causa. Foi mais ou menos isto que o FCP fez nas últimas décadas, que ainda hoje lhe rende dividendos desportivos nas competições externas.
Enfim; o excesso de unanimismo que se verifica no clube é prejudicial. A crítica é salutar e necessária ao progresso económico e desportivo de qualquer instituição na medida em que desbloqueia e suscita o contributo e a criatividade de todos para o objetivo comum.
Em resumo: o sonho europeu do Benfica exige maior ambição coletiva, estratégia tática diferente da equipa, menor endividamento, maior envolvimento institucional e mais participação interna.
Em resumo: o sonho europeu do Benfica exige maior ambição coletiva, estratégia tática diferente da equipa, menor endividamento, maior envolvimento institucional e mais participação interna.
Força, Benfica!
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