O 25 de Abril Visto da História
(Livraria Bertrand)
Diálogo entre José
António Saraiva e Vicente Jorge Silva em 1976 sobre a atualidade política, em
vésperas as primeiras eleições presidenciais
Velhas cumplicidades dos tempos
de Argel e da Frente Patriótica de Libertação Nacional. O resultado traduziu-se
no PREC, na destruição do tecido económico e do capital, de que o país ainda padece.
António Costa, “acossado” pela inesperada derrota eleitoral em 2015, recuperou
este modelo reeditando o PREC em versão atualizada, optando pela satisfação das
suas clientelas graças à inversão do ciclo económico e ao agravamento do endividamento
e da carga fiscal, em vez de preparar o país para a inevitável crise futura.
(AB)
….A posição de Melo Antunes a
respeito do PCP, na sequência do 25 de Novembro, terá muito pouco - ou
rigorosamente nada - que ver com a posição de Eanes sobre o mesmo assunto. Para
Melo Antunes importava “recuperar” o PCP depois de lhe ter sido provada, em
definitivo, a impossibilidade de levar por diante a sua tática golpista. Para
Eanes - como para outros elementos militares - o que interessava era a
marginalização do PCP….(VJS)
Melo Antunes, comunista desde a juventude e principal mentor ideológico
da insurreição de Abril e da desastrosa descolonização, detendo, à época,
preponderância política, junto do “Grupo dos nove”, tratou de “salvar a pele”
aos instigadores dos insurretos de Novembro - parte deles integrando atualmente
o Bloco de Esquerda, nomeadamente a UDP nova designação dos dissidentes de 1964
do PCP, constituindo então a FAR, defensora da intervenção armada, a que aquele
partido se opôs, e que em 75 concretizaram saindo derrotados - opondo-se à sua
ilegalização. Quanto a Eanes, sendo, segundo VJS, pela marginalização do PCP -
mas considerado por muitos como simpatizante deste partido, motivo do apoio do
PSD ao General Soares Carneiro para as presidenciais em detrimento de Eanes a
quem tinham apoiado anteriormente -, terá acabado por anuir à sua integração,
eventualmente cedendo à tendência maioritária do Grupo dos nove.
…promulgada a nova constituição
(elaborada num período em que a relação de forças ao nível do Poder pende claramente
para o lado da esquerda, o que teria naturalmente reflexos no texto
constitucional) passa a dar-se o contrário: o cumprimento da lei passa a ser
uma reivindicação da esquerda (Vê-se o próprio deputado da UDP a exigir o
cumprimento da lei…). …..Eanes, aparecendo como o homem (incorruptível) que faz cumprir a lei, torna-se naturalmente um
aliado possível da esquerda (e em particular do PS, o partido mais responsável
pela feitura da constituição)… (JAS)
Talvez seja esta a razão de alguns atribuírem a Ramalho Eanes excessiva
simpatia pela esquerda; PS e PCP. (AB)
….Para Eanes não existem classes
com interesses distintos nem contradições no corpo social: existem, sim, a
Nação, o País, a Salvação ou a Reconstrução Nacional.
Por isso continua a ser respeitado
pela generalidade dos portugueses e considerado o melhor Presidente da III
República. A lealdade, a probidade e o espírito de missão são características
irreconhecíveis no atual panorama político. O oportunismo, o nepotismo, a
demagogia, a mentira descarada, fazem parte do dia-a-dia; uma espécie de novo
tribalismo caracteriza o comportamento dos diretórios partidários, seus
militantes e correligionários. O debate leal de ideias é a utopia das
democracias. Estas transformaram-se numa caricatura de si próprias. Sem o
“tempero” cultural adequado não há democracia. E esse “tempero”, para mim, são
os valores cristãos, que, desde a Revolução francesa de 1789 têm vindo a ser
substituídos, na Europa - em Portugal, a partir de 1934 -, pela doutrina maçónica.
(AB)
Foto: Porto NovoPeniche 10 de Dezembro de 2018
António J. R. Barreto
Sem comentários:
Enviar um comentário