Benfica em Agosto
Depois da boa campanha de pré-época, da vitória na supertaça e da
superação das duas primeiras jornadas, uma das quais, a do Belenenses, a gerar
fundadas espectativas face às dificuldades da época transata, o Benfica
tropeçou na terceira jornada frente ao Porto.
Apesar da abundância de golos no início da época - 12 -, permanecia a
dúvida dos danos provocados na equipa pelas saídas de Félix e Jonas. Compensar
a imprevisibilidade, inteligência tática e a capacidade técnica de qualquer
deles, não se afigura fácil Foi o que este jogo demonstrou.
A equipa do Porto, após uma sequência de insucessos, foi a justa
vencedora do encontro, recuperando da instabilidade resultante dos primeiros
jogos, na “Liga dos Campeões” e no “Campeonato”.
A primeira vantagem foi ganha pelo Porto na guerra do posicionamento;
ocupando o terreno de jogo de forma equilibrada, mantendo os seus jogadores muito
próximos uns dos outros criando facilmente superioridade numérica na disputa da
bola. A segunda foi a intensidade de jogo; os seus jogadores correrem sempre
mais e com mais intensidade, chegando à bola mais cedo, com mais força e em
maior número. A terceira foi a forma como pressionaram a primeira zona de
construção do Benfica; à saída da área e com quatro jogadores, fechando,
literalmente, as linhas de passe ao adversário. A quarta consistiu em retirar a
iniciativa ao Benfica mantendo a posse da bola o máximo tempo possível,
obrigando os jogadores encarnados a preocupar-se mais com a recuperação e menos
com a construção. Foi esta a chave da vitória. Beneficiaram os azuis de alguma
sorte no primeiro golo, graças ao mau alívio de Rúben Dias que pôs em jogo o
José Luis, e no segundo, do tudo ou nada da equipa da luz em busca do empate.
A equipa do Benfica, exceto nos
últimos 20, minutos após a entrada de Adel
Taarabt, regrediu na qualidade de jogo, fazendo lembrar tempos passados.
Jogadores sem mobilidade, quase estáticos, isolados na disputa da bola, sem
solução para fazer fluir o seu jogo. Só após a entrada de taarabt, a equipa equilibrou o meio-campo, aumentou a velocidade,
amplitude e profundidade do jogo, obrigando os adversários a correr atrás da
bola e a abrir espaços. O golo anulado (bem) foi o corolário disso mesmo. Era
demasiado tarde.
Mais uma vez ficou demonstrada a importância de Gabriel na consolidação
do meio-campo e na manobra ofensiva, com passes de meia-distância de grande
imprevisibilidade e remates de meia-distância. Na frente, os imensos
cruzamentos efetuados foram todos infrutíferos, seja pelo excelente
posicionamento da defesa, sempre com dois homens nas linhas de passe, seja pela
falta de acompanhamento dos avançados, causa das escassez daquelas. Remates de
meia- distância ou aéreos, foram praticamente inexistentes.
Compreende-se que se tenha optado em manter Seferovic na sua posição de ponta de lança, afinal foi o melhor
marcador da época transata, mas não deve pedir-se golos a Raúl se lhe atribuem
a missão de jogar trinta a cinquenta metros atrás da linha de baliza,
defendendo e apoiando o meio-campo. Por outro lado, Seferovic tem falhado nalguns momentos cruciais; é um luxo que não
se pode conceder neste tipo de jogos. (Creio que teve uma clara oportunidade de
golo em que a bola “tirou tinta” ao poste direito).
Com a lesão de Chiquinho,
cuja mobilidade e inteligência muito promete - dois jogos com os rivais fazem-nos
duas baixas de relevo! Por mim, optaria por mudar a posição dos avançados; Raúl
na área, zona onde se movimenta bem e já revelou instinto finalizador, e Seferovic em apoio ao avançado e ao
meio-campo, fazendo uso da sua capacidade de disputa e transporte da bola, de
passe longo e de remate de meia-distância.
Jorge de Sousa, foi permissivo sobretudo no jogo violento de Pepe, no antijogo
dos azuis e na avaliação dos lances divididos contribuindo, à sua parte, com
uma boa meia-dúzia de lances ofensivos a favor do Porto e outros tantos
eliminados aos encarnados. Rafa, mais uma vez, foi um “saco de pancada” e, a “pedido
de Conceição, nenhum dos faltosos adversários foi sequer admoestado. Não é essa
a sua missão.
Espero que este jogo tenha servido de teste para a equipa do Benfica
ultrapassar as contingências demonstradas, arrancando para uma época pujante,
demonstrando-o já no jogo com o Braga.
(Abel Manta)
Peniche, 31 de Agosto de 2019
António Barretojb
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