"Retomemos a vida de D. Sebastião. A sua obsessão de bater os Árabes em Marrocos levou-o a visitar frequentemente o sul de Portugal, onde se demorava em viagens que lhe traziam o vento que soprava dos desertos que o haviam, por fim, de sepultar. Uma imprudente saltada caprichosa, de barco, até ao Norte de África podia ter-se mesmo saldado na antecipação do desfecho de Alcácer Quibir. A jornada de África começava de facto a dominar toda a imaginação e até a acção do exaltado cavaleiro, mais interessado em batalhas do que em governar. Ao moço rei interessa preparar a expedição africana, a cuja feitura tudo e todos submete, lançando impostos novos, não hesitando ante extorsões de toda a casta. Resume Aquilino:
"Precisava de muito dinheiro. Gregório XIII concedeu-lhe os réditos, que era de lei escorressem para os cofres de S. Pedro, da bula da Santa Cruzada, tida por certa e caudalosa mina; concedeu-lhe mais as terças das igrejas, com que os eclesiásticos deram o cavaco. ...Tomou à sua conta o trato do sal e tributou povos e mercadores a torto e a direito. Despejou o cofre de órfãos, defuntos e ausentes, e lançou uma derrama de 250000 cruzados aos cristãos-novos, que gemeram mas pagaram com a condição de ficarem ao abrigo de qualquer confisco por parte do Santo Ofício durante dez anos; pediu emprestado a cavaleiros, fidalgos e homens ricos; hipotecou rendas; bateu moeda; esportulou em suma Deus e os homens, tanto os seus devotos como os netos dos que o pregaram na cruz. Com tais sangradouros encheram-se os alguidares reais de sangue...(Aquilino Ribeiro, Príncipes de Portugal, pp 162-163).
O Desejado, nasceu em 1554, órfão de pai - D. João, o último dos nove filhos de D. João III. Sua mãe, a espanhola D. Joana de Áustria - filha de Carlos V de Áustria ou Carlos I de Espanha -, tendo conhecido o seu estado de viuvez no dia do parto, partiu para Valhadolid - onde viria a falecer,- pouco depois. Rei aos três anos, tutelado por sua avó, a também espanhola D. Catarina, regente desde a morte de D. João III até 1562, ano em que foi afastada em favor do inquisidor-mor o Cardeal D. Henrique, seu futuro sucessor, D. Sebastião foi educado por Jesuítas no fervor doentio do catolicismo, assumindo o reino aos 14 anos! Afetivamente desenraizado, rodeado por elites e intelectuais visionários dum Portugal imperial bíblico e feitos militares épicos, entre quais Luís Vaz de Camões, influenciado pela emergência católica de contenção do avanço infiel a oriente, o Desejado, sedento de afirmação pessoal e sonhos de glória num país devastado pela peste, economicamente exangue apesar das Índias e dos Brasis, ignorou os avisos dos seus melhores conselheiros e conduziu a Nação para o abismo, o vexame da perda da independência. Uma dor que dura até aos nossos dias que encontrou nas Trovas do Bandarra, o sapateiro de Trancoso, o terreno fértil da decadente cultura messiânica dos portugueses e, quem sabe, a sustentação emocional e musical da "canção nacional".
Não posso deixar de fazer alguma analogia com a história atual; a nossa Alcácer-Quibir foi a guerra ultramarina e a perda da independência,desta vez não foi a favor dos espanhóis, mas dos países ricos e democráticos do norte da europa. Não houve um Duque de Alba a invadir território luso, foram as nossas elites, os incansáveis e temerários lutadores pela Liberdade que nos entregaram e entregam todos os dias, aos nossos "salvadores" europeus, que tudo decidem das nossas vidas, empresariais e pessoais, a troco do favor da cidadania europeia em substituição de nove séculos de lusitanidade.
É tempo de o "Povo" perceber a dimensão da sua soberania.
(Fonte; História de Portugal, dirigida por João Medina)
O Desejado, nasceu em 1554, órfão de pai - D. João, o último dos nove filhos de D. João III. Sua mãe, a espanhola D. Joana de Áustria - filha de Carlos V de Áustria ou Carlos I de Espanha -, tendo conhecido o seu estado de viuvez no dia do parto, partiu para Valhadolid - onde viria a falecer,- pouco depois. Rei aos três anos, tutelado por sua avó, a também espanhola D. Catarina, regente desde a morte de D. João III até 1562, ano em que foi afastada em favor do inquisidor-mor o Cardeal D. Henrique, seu futuro sucessor, D. Sebastião foi educado por Jesuítas no fervor doentio do catolicismo, assumindo o reino aos 14 anos! Afetivamente desenraizado, rodeado por elites e intelectuais visionários dum Portugal imperial bíblico e feitos militares épicos, entre quais Luís Vaz de Camões, influenciado pela emergência católica de contenção do avanço infiel a oriente, o Desejado, sedento de afirmação pessoal e sonhos de glória num país devastado pela peste, economicamente exangue apesar das Índias e dos Brasis, ignorou os avisos dos seus melhores conselheiros e conduziu a Nação para o abismo, o vexame da perda da independência. Uma dor que dura até aos nossos dias que encontrou nas Trovas do Bandarra, o sapateiro de Trancoso, o terreno fértil da decadente cultura messiânica dos portugueses e, quem sabe, a sustentação emocional e musical da "canção nacional".
Não posso deixar de fazer alguma analogia com a história atual; a nossa Alcácer-Quibir foi a guerra ultramarina e a perda da independência,desta vez não foi a favor dos espanhóis, mas dos países ricos e democráticos do norte da europa. Não houve um Duque de Alba a invadir território luso, foram as nossas elites, os incansáveis e temerários lutadores pela Liberdade que nos entregaram e entregam todos os dias, aos nossos "salvadores" europeus, que tudo decidem das nossas vidas, empresariais e pessoais, a troco do favor da cidadania europeia em substituição de nove séculos de lusitanidade.
É tempo de o "Povo" perceber a dimensão da sua soberania.
(Fonte; História de Portugal, dirigida por João Medina)
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