Economia
A análise económica
do mandato da administração Trump
deve dividir-se em dois períodos, o pré-covid - de 2016 até março de 2020 - e o
pós-covid - ainda em curso.
A derrocada económica, vaticinada pelos detratores de D. Trump, resultante da sua ascensão à
presidência dos EUA, não só não se verificou, como manteve ou superou os indicadores
do mandato anterior, no primeiro período. No segundo período verificou-se o
maior colapso económico dos últimos 80 anos, nos EUA.
Vejamos o que nos diz a análise da BBC Brasil realizado em 27
de Setembro de 2020, a partir dos relatórios do Escritório de Análise Económica
dos EUA:
O crescimento
económico médio anual dos primeiros três anos do mandato de D. Trump
foi de 2,5 % contra 2,3 % dos últimos três anos do mandato anterior, sendo que,
neste, em meados de 2014 se verificou um crescimento de 5,5 %. Em abril, maio e
Junho verificou-se uma contração superior a 30 %; três vezes superior à que se
verificou em 1958! Se tal ocorreu apesar da recusa de D. Trump em adotar o confinamento geral, não custa supor que teria
sido bem pior se tivesse feito o contrário. Contudo, a recuperação económica
tem ocorrido com grande rapidez, estimando-se, no final do ano, uma retração do
PIB próxima dos 3 %! Cerca de 1/3 da que se verifica, em média, na Europa, para
o ano em curso. Certo também é que, nos últimos 50 anos, houve períodos de
maior crescimento do que o que ocorreu na fase pré-covid.
Quanto aos mercados
financeiros, nomeadamente S&P 500, apesar da queda abruta do início de
2020, apresenta uma valorização de cerca de 14 % neste ano até à data e um
total de 83 % desde 2016. Já o desempenho do Nasdaq é bem superior, cum uma valorização em 2020 e atá à data de
cerca de 30 % e de 171 % desde 2016! Um desempenho sem paralelo na Europa, com
todas as bolsas negativas em 2020, enquanto a oriente os índices são os índices
chineses que mais se aproximam: Nikkei (13,1 % ytd), CSI 300 (24,1 % ytd),
Kospi (24,2 % ytd), Sensex (9,3 % ytd), e BIST 30 (5,3 % ytd). Tal desempenho
revela que os mercados confiam nas ideias de D. Trump.
Relativamente à taxa
de desemprego, de 3, 5 % antes da pandemia, era a mais baixa dos últimos 50
anos. Mas é verdade que nos últimos três anos de mandato de Obama foram criados
7 milhões de postos de trabalhos enquanto nos primeiros 3 anos do mandato de
Obama foram criados “apenas” 6,4 milhões. Com a pandemia a taxa de desemprego
disparou para 14,7 % em abril - a mais alta desde a Grande Depressão de 1930 -
tendo sido destruídos, num só mês, cerca de 20 milhões de postos de trabalho,
anulando uma década de criação de emprego. Em agosto porém, a taxa de
desemprego já estava em 8,4 %, confirmando a rapidez da recuperação económica.
Os salários médios
por hora no mandato de D. Trump mantiveram
a tendência de subida iniciada no primeiro mandato de Obama, com uma média
anual de 2,1 % naquele e de 2,4 % deste. O efeito da pandemia provocou um
aumento abruto dos salários devido ao desemprego dos trabalhadores de baixas
qualificações, voltando a baixar logo que se iniciou a recuperação económica,
com o regresso daqueles ao trabalho.
Apesar de ter sido
em 1966 sob o mandato de Lyndon B.
Johnson que se verificou a maior redução de pobres num só ano - 4,7 milhões
de pessoas -, contra 4,2 milhões em 2019, é verdade que foi no mandato de D. Trump que se atingiu o mais baixo índice
de pobreza dos últimos 50 anos, 10,5 %, desconhecendo-se ainda a evolução
resultante da crise pandémica. Sucede porém que se verifica grande assimetria
étnica no que diz respeito à população pobre, com cerca de 18,8 % para
americanos negros e de 7,3 % para americanos brancos não latinos.
Conclusão
Donald Trump é um outsider, um corpo estranho na cena política, rejeitado até por
alguns setores do seu próprio partido. Oriundo do mundo empresarial representa
uma reação inorgânica da sociedade civil contra o status quo partidário vigente. É visto como uma ameaça pelo espetro
político estabelecido, sobretudo pelo setor progressista, este divorciado do
país profundo. Apesar do seu estilo algo patético, por vezes grotesco, com uma
linguagem imprudente, direta às vezes incendiária, D. Trump tem uma ideia para o país assente nos valores
tradicionais, na família, na moral cristã, na segurança, no trabalho e na
Pátria. Relativiza a vertente imperialista dos EUA iniciada em 1945, privilegia
o comércio internacional baseado no equilíbrio das trocas, defende maior
cooperação ativa dos aliados militares naturais, abomina as dinâmicas políticas
e económicas prevalecentes assentes na teoria do Aquecimento Global, empenha-se
na causa ambiental privilegiando o gás natural e de xisto, denuncia e combate
frontalmente os promotores do terrorismo global. A apoiá-lo tem uma vasta população
que já não se sente representada pelos partidos tradicionais. As notícias de
fraude eleitoral no processo ainda em curso, a confirmarem-se, significarão, o
início do último estertor das democracias representativas multipartidárias e o
advento de novas ditaduras ou de regimes democráticos de representação direta
alcançáveis a partir dos meios proporcionados pelas novas tecnologias tal como
revelam alguns estudos do MIT (Massachusetts,
Institute Technology).
Fim.
Peniche, 8 de Dezembro
de 2020
António Barreto
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