Como se esperava, apesar do mau
tempo, os norte-coreanos foram passear a Setúbal. Como se previa, regressado do
descanso que deveria ter sido regenerador, Pedro Proença - o homem do ano para
o “A Bola” - foi o juiz da contenda. Como se adivinhava, recorrentes
incidências facilitaram o jogo aos do costume. Como manda a tradição, fora os
pífios protestos de José Mota e alegadas altercações de indignados adeptos
sadinos, os Dirigentes do Setúbal parece terem engolido silenciosamente as
incidências do jogo.
Como é hábito, num ato que faria
corar os censores de Salazar, alguns lances decisivos não foram mostrados nas “têvês”
do regime. Como consta da doutrina norte-coreana, na semana que antecedeu o
confronto, a comunicação social, qual obediente rebanho, tratou de alavancar o ruido
saloio das hostes brancas destinado a sustentar, por antecipação, a trovoada
desportiva que viria.
Convicto de que o acidentado
desempenho de Proença constitui a esperada retribuição por recentes pífias distinções.
Indignado perante a total incapacidade institucional de acabar com o estado de
indigência e degradação em que vegeta o desporto nacional, em particular o futebol.
Enojado perante os hipócritas rodriguinhos escrupulosos de quem tem obrigação
de promover a irradicação do tráfico de influências no desporto relativamente aos
publicamente conhecidos mentores desta lenta destruição, dei comigo a sentir
pena!
Pena dos Adeptos do Vitória de
Setúbal, pela tristeza de assistirem impotentes à humilhação do seu clube,
consentida devido ao estado de indigência financeira crónica em que se encontra.
Pena dos Atletas deste clube, que correm e lutam ingloriamente, impedidos de
aspirarem, sequer, a uma derrota honrosa!
Pena dos Atletas do FCP, pela inacessibilidade
à honrosa vitória; aquela que suscita respeito e admiração no adversário
alimentando a autoestima do vencedor. Pena dos Adeptos do FCP pelo estado de
carência que revelam aceitando vitórias manchadas, insuscetíveis de suscitar o respeito
dos outros, incapazes de perceber que o valor dos troféus reside na forma como
são conquistados.
Pena da indigência deste Portugal,
de perpétua mão estendida, incapaz de reagir e punir os bandidos que,
lentamente, inexoravelmente, lhe corroem os cofres e a alma em nome de uma nova
ordem sustentada no ódio, vítimas de um ressentimento doentio, atávico,
paradoxal, perante a retórica democrática emergente da vitória da “luta contra
as trevas da ditadura”.
AB
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