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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

FRIGORIGÉNIOS; REGRESSO AO PASSADO!




Quatro a cinco décadas atrás, quem diria que o "velho" e "obsoleto" dióxido de Carbono viria a ser um dos frigorigénios do futuro, tal como o  seu "velho" e "obsoleto" companheiro, o amoníaco anidro? Perante um dos, anunciados, maiores progressos da indústria química que algumas décadas antes sintetizara os "seguros" freons que viriam a proporcionar a expansão do uso dos sistemas frigoríficos à preservação dos produtos alimentares constituindo um dos maiores fatores de progresso económico e social da humanidade, quem duvidaria da sua postergação à obsolência? Ninguém, digo eu!
 
As perturbações ambientais relacionadas com a degradação da camada de ozono e o aquecimento global, mobilizaram os esforços políticos e científicos gerais, tendo-se identificado o cloro, constituinte de todas as moléculas dos comuns freons - clorofluorocarbonetos -,  ao provocar o decaimento do Ozono estratosférico, como principal causa da destruição dessa "nuvem" protetora dos mortíferos raios ultra-violetas solares.
 
Um grupo maioritário de países reunido em Montreal, estabeleceu, através do celebre "Protocolo de Montreal", para os países desenvolvidos, um calendário para a retirada de uso de todos os frigorigénios com cloro na sua composição; foi o fim dos freons! Primeiro, foram os clorofluorocarbonetos - os nossos "amigos" R12 e R502, entre outros -, a seguir, foram os hidroclorofluorocarbonos - entre os quais, o nosso grande amigo R22, cujo uso está totalmente interdito na europa a partir de 31 de dezembro de 2015.
 
"Nasceram" então os hidrofluorocarbonetos - os conhecidos e já "domesticados" HFCs, R134a, R404a  e R507, entre muitos outros - já sem o "maléfico" cloro na sua composição molecular, os quais, mediante esforço económico e financeiro "astronómico" substituiram na europa a quase totalidade dos velhos freons. Porém, se estes novos frigorigénios, apresentam nulo impacto na camada de Ozono - ODP=0; ozone depletion potential - o mesmo não se pode dizer quanto ao produzido no efeito de estufa, responsável - segundo a corrente científica dominante -, pelo aquecimento global!
 
De facto, estes frigorigénios apresentam um GWP - global warming potential; impacto potencial total; direto  ("fugas de gás") e indireto (emissão de CO2 associado à energia total absorvida no processo frigorífico) -, bem superior aos  correspondentes velhinhos freons! 
 
E veio o "Protocolo de Quioto", onde, o agora alargado grupo de países signatários do "Protocolo de Montreal", perante e emergência  da necessidade do controlo térmico do planeta, assumiu o compromisso de redução multisetorial de emissões de CO2, preparando atualmente a Comissão Europeia, uma proposta de calendarização da redução do uso dos hidrofluorocarbonetos até à sua quase total extinção! O fim dos HFCs está traçado (2020 é o proposto)!
 
É aqui que entra o "obsoleto" CO2; fluido natural, com ODP=0 e GWP=1 - o GWP do R404a é de cerca de 4000 e  o do R134a, de 1800! -, relativamente seguro e altamente eficiente face aos novíssimos e já obsoletos HFCs, o CO2 é hoje um dos frigorigénios do futuro, com implementação crescente nos sistemas frigoríficos comerciais e industriais, sobretudo nos países de baixas temperaturas médias máximas, como os do norte da europa. Irónico, dispendioso e comprometedor para as comunidades científica e politica, sobretudo do Mundo Ocidental!
 
Tudo isto para introduzir a experiência laboratorial que a Danfoss apresenta neste vídeo de sua autoria, onde podemos observar as mudanças de fase do CO2 em função da pressão e  da   temperatura, com destaque para os valores especialmente elevados daquela - até aos 140 bar - , o ponto crítico e o ponto triplo; este, apresentando a "bizarria" de proporcinar a coexistência das três fases, algo único no universo dos frigorigénios.

Parabéns à Danfoss  - a entidade a quem Portugal mais deve no âmbito da formação na tecnologia da refrigeração - por mais este excelente trabalho.

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