Desporto

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A minha "verdade" sobre Eusébio.

Sem dúvida, um homem simples que, sendo iletrado era culto. E era culto porque, conhecendo a essência do seu ofício, com ele se fascinava e contagiava todos os outros, elevando o desporto que praticava à qualidade de Arte. E Arte, é cultura da boa! Tal, foi e é reconhecido pelos melhores entre os seus pares; de ontem e de hoje. Colegas de equipa ou adversários. Tal fascínio derrubou os muros da rivalidade e do nacionalismo trazendo novos adeptos ao desporto e provocando um sentimento de alegria e união coletiva. Tal, foi o que se constatou nas cerimónias fúnebres entre os seus concidadãos e por todas as remotas paragens do planeta que, alguma vez, tiveram o privilégio de assistir, ainda que indiretamente, às suas exibições.
 
Arte, sim; bailado com causa, com bola, é no que se transforma o futebol quando praticado por alguns atletas. Atletas como Eusébio. Arte, sim, pelo respeito que sempre demonstrou pelos colegas, adversários ou não. Ser culto não é, pois, necessariamente, conhecer muitas coisas, mas conhecer a essência do que é, efetivamente, importante a um grande número de pessoas. É o que foi Eusébio. E é por isso que foi um Homem de cultura.
 
Não sei porque morreu Eusébio; dizem que foi paragem cardiorrespiratória, referem ter ele dito estar cansado de viver devido às dores. Sabemos que tinha fortes limitações de natureza cardiovascular. Testemunhámos, nos últimos meses, o seu mal disfarçado decaimento físico. Tudo isso será verdade, mas, quanto a mim, Eusébio morreu de desgosto. Desgosto pelo enxovalho de que nos últimos tempos estava ser alvo por parte de uma comunicação social enfeudada aos interesses dos principais rivais do seu clube do coração, que, despeitadamente e desrespeitosamente, ousaram pôr em causa o oficioso título de "rei" que lhe fora carinhosamente atribuído  pelos comentadores da época, virtualmente ratificado pela generalidade da população e que lhe era caro.
 
Um desfecho com forte contribuição da Federação Portuguesa de Futebol, desde há várias décadas subjugada aos interesses do atual maior rival do clube de Eusébio, pelo frequente agendamento de jogos de preparação da seleção nacional com seleções de 3ª ou 4ª categoria, a fim de proporcionar a superação do seu máximo de golos pelos avançados subsequentes, como se verificou.
 
Eusébio morreu, porque não quis assistir à intensificação do enxovalho público em curso, após a entronização de Ronaldo, com  a iminente atribuição da 2ª bota de ouro. Na sequência do falecimento de Eusébio, alguns terão a consciência pesada, como estou convicto será o caso de Madail, Pauleta e Ronaldo. 
 
Esta é a minha verdade!

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