Desporto

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Contos priobidos, de Rui Mateus; curiosidades III

Ficamos a saber, preto no branco, que, segundo Mateus, Mário Soares, só não foi ministro de Marcelo Caetano porque este o convidara apenas para deputado da Ação Nacional Popular, o que nos leva a  supor que, ou as convicções "patrióticas" de Soares seriam algo aligeiradas ou, efetivamente, este, via no marcelismo, uma brisa primaveril, tal como, afinal, os dirigentes sociais-democratas nórdicos de então.
 
Pelos vistos, o financiamento de Mário Soares exiliado em Paris, além de consultor do Banco d'Outre mer de Manuel Bullosa e de professor na Universidade de Vincennes, contava também com o contributo, embora modesto, do Governo Sueco, do malogrado Olof Palme, o qual em 10 de Julho de 1973 teria anunciado um apoio financeiro à Frelimo de 5 milhões de coroas. Palme, já aos 22 anos, enquanto Secretário da União de Estudantes Suecos, promovera uma bolsa de estudos para africanos tendo sido Eduardo Mondlane, fundador da Frelimo de quem viria a tornar-se grande amigo, um dos primeiros beneficiários, em 1949. Por mim, não suspeitava da dimensão da influência na política africana e europeia do pequeno e simpático país social-democrata sueco, como aqui se vislumbra.

Por altura da fundação em 19 de Abril de 1973, o Partido Socialista não teria mais de cinquenta filiados em todo o mundo, razão pela qual o SPD alemão não acreditava na massificação do PS nem na queda do regime português. 

Decisivo para a afirmação internacional de Mário Soares e o isolamento do regime de Marcello Caetano parece ter sido o massacre de Wiriyamu em Moçambique, por altura da visita deste a Inglaterra, contestada pelos trabalhistas britânicos, que chegaram a pedir a sua anulação. Não refere Mateus o alegado episódio relatado na época pela RTP que ainda recordo, segundo a qual Soares, a título de protesto, terá espezinhado publicamente a bandeira de Portugal, atitude que jamais lhe perdoarei; combater um regime é uma coisa, humilhar uma Nação é outra bem diferente. Até a atual constituição qualifica de crime atos deste tipo.

Diz Mateus:

O Partido Socialista com os seus cinquenta militantes e o seu acordo de governo com o Partido Comunista, iriam ser, sem o imaginarem, e sem terem para isso contribuído, os grandes beneficiários da miopia do sucessor de Salazar e da revolta militar que culminaria com o 25 de Abril.

Sobre Manuel Bullosa:

 http://www.infopedia.pt/$manuel-boullosa;jsessionid=G4olM1Ux4-9VbsYvMYa1Cw__
 

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