O que me custa a entender é a razão pela qual a FIFA, e, já agora, a UEFA, não têm sido chamadas à razão por quem de Direito, dados os sucessivos sintomas de anormalidades. Até o simples adepto percebe que há algo de muito grave a partir do que observa nos jogos. Durante muito tempo, sobretudo induzido pelo teor da comunicação social, acreditei que aquelas eram instituições impolutas na defesa da ética do futebol, determinadas na promoção dos valores humanos e generosas na solidariedade, área onde o futebol tem um papel relevante a desempenhar. Comecei a duvidar perante demasiados erros demasiado grosseiros em provas do mais alto nível, Liga dos Campeões e Campeonatos da Europa e do Mundo, e sobretudo, ao detetar neles um certo padrão subjacente. O caso da final da Liga Europa da época passada é um exemplo, tal como na Liga dos Campeões do tempo do Koeman, e em muitos outros casos. Mas foi a total passividade daquelas instituições ante os fortes indícios de corrupção no futebol português durante as últimas décadas que me fez acreditar na existência de várias irregularidades no seu seio. Perguntava-me então como era possível a indiferença perante as evidências, com risco para a credibilidade da modalidade e decadência da mesma. Percebi então que a razão para o sossego dos corruptos locais poderia significar a existência de ambiente idêntico a níveis superiores, com o conhecimento dos primeiros. Toda esta dialética pessoal foi reforçada por literatura específica, como "A Máfia do Futebol" de Declan Hill e algumas contundentes reportagens televisivas.
Aquelas instituições parecem senhoras de um poder absoluto, acima da soberania dos próprios Estados, chegando por mais de uma vez a desautoriza-los, como aconteceu em Portugal, para nossa vergonha. Parece que não prestam contas a ninguém! E deviam ser alvo de escrutínio regular! É certo que de vez em quando há da sua parte algumas iniciativas de estudo e combate da corrupção, que se têm revelado pífias. Areia para os olhos! Oxalá que, o caso que agora emergiu, seja o princípio da regeneração quer da FIFA quer da UEFA, para bem dos cidadãos que gostam de futebol e dos clubes e seleções que investem e trabalham honestamente.
(Tela; Metamosphosis, de Salvador Dali)
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