Paradoxalmente, com o explícito objetivo de conquistar o quinto campeonato consecutivo, o Benfica parece ter cometido "suicídio" desportivo graças a desastrosas e sucessivas medidas de gestão, abrindo o caminho do título aos adversários. A saída de quatro jogadores invulgares, fragilizou os respetivos setores abalando a confiança dos restantes, inseguros da valia da nova formação. As alternativas às saídas não corresponderam em nível idêntico, tendo diminuído as capacidades defensiva e ofensiva, desequilibrando a balança da competitividade em favor dos adversários. Com efeito, Ederson é único, se não o é já, em breve será o melhor guarda-redes do mundo. Um caso raro, com grande impacto na equipa., direto, pelas defesas "impossíveis" e assistências, e implícito, pela confiança que gerava nos colegas . Nelson Semedo é um defesa direito de topo, rápido e criativo, jogador de área a área, defende bem e ataca melhor, destemido nos duelos, acede à linha de fundo facilmente, assistindo, ou flete para dentro assistindo ou finalizando. Lindeloff ,sem alardear grande excelência técnica, garantia com Luisão, percebe-se agora, o quase perfeito sincronismo do eixo defensivo, imbatível no jogo aéreo. Mitroglou é um tipo de jogador raro, conjugando como poucos a robustez atlética com a apurada técnica, pelo chão e pelo ar, a que acrescenta excelente leitura de jogo ofensivo. Um jogador letal que muito contribuiu para a conquista do título da época anterior.
A equipa ressentiu-se e só agora, após o dérby maior, começa a recompor-se. Dos substitutos, só Ruben Dias parece ter capacidade de fazer esquecer o antecessor; apesar de alguma imaturidade é portador da "mística" adquirida nos longos anos de formação, revelando robustez física, mental e capacidade de liderança. Será o futuro Capitão. O bravo André Almeida, generoso, abnegado, lutador, precioso, carece da criatividade do seu antecedente, decaindo o poder ofensivo da ala direita, sobrecarregando Sálvio, retirando-lhe impetuosidade e criatividade. Varela é um bom guarda-redes, mas aquém da valia do antecessor e das necessidades da equipa, revelando falta de oportunidade nas saídas e de qualidade na execução das manchas. Quanto à saída de Mitroglou, foi compensada com o robustecimento do meio-campo, privilegiando um 4-3-3, de que resultou maior equilíbrio na luta do meio-campo, mas menor capacidade de finalização, com a movimentação de Jonas coartada e este mais vulnerável à marcação.
Julgo que Raul Jimenez poderá fazer de Mitroglou. Tem todas as condições para tal. Seferovic também. Ambos carecem de trabalho específico e o tempo escasseia. Tal opção, remete a equipa para o 4-4-2/4-2-4, induzindo vulnerabilidade no meio-campo face ao 4-3-3. Conseguir o dois em um é o segredo. Tal poderá ser conseguido selecionando corretamente o perfil dos segundo e terceiro médios. Pizzi e Krovinovik parece terem características adequadas; são inteligentes, tecnicamente evoluídos e lutadores. É uma questão de dinâmica e esta resulta do treino, das ideias do treinador e da sua capacidade de as fazer aplicar. Dinâmica e sincronismo têm constituído um dos maiores handicaps da equipa, que só episodicamente ostenta. Concentração tática e resistência mental coletiva, são atributos episódicos no jogo.
Por tudo isto, para defender o título, julgo ser necessário, ao Benfica, ir ao mercado por um guarda-redes e um defesa direito. Pelo menos. Noto que ainda há défice de cruzamentos da ala esquerda; há talento, mas, ainda, algo incompleto. Cervi é tremendo lutador e forte nos duelos com bola, mas vulnerável ao choque. Zivkovik tem qualidades semelhantes, completando com maior robustez física e melhor meia distância. Nenhum deles parece ter, ainda, "agarrado" o lugar.
Quando há interesse real de grandes clubes por um jogador, casos de Ederson, Nelson e Lindelof, a saída é inevitável. Mas, neste caso, falhou o planeamento por ter relativizado a importância do impacto destas saídas. Por displicência, creio. Também por contingências financeiras, estou certo. Mitroglou, porém, podia e devia ter ficado. Não queria sair e ainda não tem substituto à altura. Nem terá, tão cedo. Há duas formas de ganhar dinheiro; já, sacrificando o futuro, ou mais tarde ganhando mais. A opção depende da "almofada" disponível. Neste caso, parece ter havido falta dela. Mas...também se tem verificado falta de critério na aquisição de jogadores sem préstimo consolidando a tese da displicência. E, onde há displicência há decadência.
Displicente foi também o planeamento da pré-época, vexatória para o clube em termos competitivos e sem eficácia na constituição do quadro de jogadores.
Os sinais estão todos aí; as vitórias não acontecem por acaso, antes, como resultado da união, argúcia e tenacidade.
Entregar o "ouro ao bandido", nunca!
Julgo que Raul Jimenez poderá fazer de Mitroglou. Tem todas as condições para tal. Seferovic também. Ambos carecem de trabalho específico e o tempo escasseia. Tal opção, remete a equipa para o 4-4-2/4-2-4, induzindo vulnerabilidade no meio-campo face ao 4-3-3. Conseguir o dois em um é o segredo. Tal poderá ser conseguido selecionando corretamente o perfil dos segundo e terceiro médios. Pizzi e Krovinovik parece terem características adequadas; são inteligentes, tecnicamente evoluídos e lutadores. É uma questão de dinâmica e esta resulta do treino, das ideias do treinador e da sua capacidade de as fazer aplicar. Dinâmica e sincronismo têm constituído um dos maiores handicaps da equipa, que só episodicamente ostenta. Concentração tática e resistência mental coletiva, são atributos episódicos no jogo.
Por tudo isto, para defender o título, julgo ser necessário, ao Benfica, ir ao mercado por um guarda-redes e um defesa direito. Pelo menos. Noto que ainda há défice de cruzamentos da ala esquerda; há talento, mas, ainda, algo incompleto. Cervi é tremendo lutador e forte nos duelos com bola, mas vulnerável ao choque. Zivkovik tem qualidades semelhantes, completando com maior robustez física e melhor meia distância. Nenhum deles parece ter, ainda, "agarrado" o lugar.
Quando há interesse real de grandes clubes por um jogador, casos de Ederson, Nelson e Lindelof, a saída é inevitável. Mas, neste caso, falhou o planeamento por ter relativizado a importância do impacto destas saídas. Por displicência, creio. Também por contingências financeiras, estou certo. Mitroglou, porém, podia e devia ter ficado. Não queria sair e ainda não tem substituto à altura. Nem terá, tão cedo. Há duas formas de ganhar dinheiro; já, sacrificando o futuro, ou mais tarde ganhando mais. A opção depende da "almofada" disponível. Neste caso, parece ter havido falta dela. Mas...também se tem verificado falta de critério na aquisição de jogadores sem préstimo consolidando a tese da displicência. E, onde há displicência há decadência.
Displicente foi também o planeamento da pré-época, vexatória para o clube em termos competitivos e sem eficácia na constituição do quadro de jogadores.
Os sinais estão todos aí; as vitórias não acontecem por acaso, antes, como resultado da união, argúcia e tenacidade.
Entregar o "ouro ao bandido", nunca!
(Diego Rivera - Retrato de Julieta, 1945)
António Barreto JR
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