Benfica, um caso político
Capítulo 6
Aos clubes está legalmente vedado o exercício de atividade política. Mas
não aos seus adeptos. Contudo, aqueles têm o direito de cotejar as várias
propostas de âmbito nacional na área do desporto com os seus próprios projetos
e de, pelos meios legais, influenciar os promotores daqueles, mantendo
informados os seus associados.
Quanto aos adeptos, podem e devem integrar a área desportiva no seu
exercício de cidadania, de forma a perceberem quais as propostas que melhor
garantem os direitos consignados constitucionalmente a todos os cidadãos,
aplicados ao desporto. Há, entre a classe política, uma espécie de nojo do
mundo do futebol - exceto quando se trata de grandes celebrações -, atitude
que, à mistura com uma certa promiscuidade de bastidores, tem contribuído para
a degradação do desporto em Portugal, para o exacerbamento das rivalidades e
para a emergência da violência.
A classe política desistiu do futebol por considerar os adeptos uma
espécie de subcidadãos indignos do seu empenho. Na verdade, quer a prática do
desporto quer a fruição do espetáculo desportivo, fazem parte da vida, física e
socialmente saudável, do ser humano e, por isso, constituem um direito
fundamental do Homem vinculativo da ação das forças políticas. Algo vai mal
numa democracia quando se ouve um político de relevo - no caso, Rui Rio -
aconselhar publicamente os seus congéneres a “não se meteram com o futebol”!
Como se este fosse habitado por leprosos. São episódios destes que definem a
qualidade de um regime político e ajudam a perceber as causas do estado caótico
do desporto em Portugal.
Peniche, 12 de Maio de 2019
António Barreto
Sem comentários:
Enviar um comentário