Desporto

terça-feira, 1 de junho de 2021

Benfica 2020/2021 - Um olhar sobre a época (2)

 

   A normalidade competitiva da equipa do Benfica ocorreria já na 2ª volta, após a 20ª jornada, na sequência de dois desaires sucessivos; dois empates, um com o Moreirense outro com o Farense. Demasiado tarde. O aparente otimismo de Jorge Jesus ao reiterar confiança no primeiro lugar não convenceu os adeptos. O atraso era demasiado, 15 pontos! Nesta altura, dada a boa campanha que o Braga vinha fazendo, a prioridade da equipa do Benfica era de garantir o terceiro lugar e tentar o segundo.

   Um novo deslize, desta vez com o Gil Vicente, confirmaria as fragilidades já apontadas; se o título era uma utopia, o segundo lugar parecia possível. Era, mas gorou-se quando foi necessário afirmá-lo no terreno. O empate em casa com o rival direto comprometeu a derradeira oportunidade.

   Quando chegou o momento do “ajuste de contas” com o grande rival, tudo estava já decidido. Providencialmente decidido. Jogou-se a feijões; o travo amargo da vitória só foi atenuado pela inviabilização do perseguido recorde pelo rival, que ambicionava terminar o campeonato sem derrotas.

   Na derradeira jornada, com horários providencialmente diferidos, haveria Seferovic de perder a possibilidade de vencer o troféu de melhor marcador. Muitos então se perguntaram, se o “Pote” marcaria quatro golos ao Marítimo caso Seferovic tivesse marcado três golos ao Guimarães.

   De igual modo se foi a possibilidade de vencer a Taça de Portugal quando, aos dezoito minutos de jogo, providencialmente, a equipa do Benfica se viu reduzida a dez unidades.

   Deixando, por agora de lado, todas as peripécias ocorridas nas margens da competição, olhando para trás, até parece que todos os deuses se uniram para tramar o clube da Luz. Ainda assim, pergunto-me qual teria sido a classificação caso o Benfica tivesse sido “agraciado” com o mesmo número de penaltis que teve o Porto, ou mesmo os que teve o Sporting. Igualmente faz sentido perguntar, porque foi permitido ao Sporting competir com dois jogadores positivos ao teste COVID efetuado pelo laboratório oficial. E por carga de água foi suspenso ad eternum, o castigo ao Palhinha, por intervenção providencial de um juiz sportinguista em serviço no Tribunal Administrativo do Sul (salvo o erro)? E porque raio de coincidência só foi tornado público após o termo do campeonato, o incidente de Pote com doping, quando ainda militava no Famalicão (salvo o erro)? É aqui que faz sentido perguntar se os campeonatos são decididos nos campos de futebol ou nos gabinetes dos deuses onde a divina Providência parece inspirar-se.

André Lhote


Peniche, 31 de Maio de 2021

António Barreto

Sem comentários:

Enviar um comentário