Aviltados e traídos: Resposta a Costa Gomes
Mello Machado -
Comandante da Operação Pégaso, na Ilha do Como (Guiné)
“De acordo com os princípios
democráticos, proclamados e garantidos pelo Programa Revolucionário, o destino
do Ultramar seria decidido pela vontade dos Portugueses de todas as raças e
credos.
Propunha-se um franco e aberto debate, prometia-se a consulta. Num propósito de concórdia e harmonia permanentes, adotava-se um procedimento ainda mais generoso: o poder dispunha-se ao diálogo com os movimentos emancipalistas.
Foi dada preferência a uma solução política, como se esta pudesse
desprezar a sua componente militar. Já vimos a que riscos nos pode conduzir semelhante
ambiguidade de conceitos. Mas os riscos assumem diferente dimensão quando os
conceitos se pervertem na hipocrisia.
E provado que as tropas portuguesas - brancas e negras - eram capazes de
se bater com extraordinária bravura; que as forças voluntárias africanas as
imitavam em valor; que as populações nativas, na sua imensa maioria, se afirmavam
portuguesas e conservavam fieis a Portugal - uma fórmula havia para transacionar
terras e gentes portuguesas, não em proveito de aspirações que se identificavam
com a sua vontade ou com interesses do Povo do Continente ou do Ultramar, mas
servindo desígnios ou ideologias alheias ao interesse nacional.
Por outras palavras, programou-se uma capitulação militar nunca antes
imaginada, para que se consumasse a solução política previamente planeada
através da renúncia e abandono.”
28 de Setembro; militares seguram a vítima - uma perigosa fasciata, concerteza - que tinham crivado de balas antes e acabaria por morrer.
(Cont.)
Peniche, 25 de Abril de 2022
António
Barreto
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