Descolonização e Autodeterminação
Como se enganaram os
povos com a falsa ideia de Liberdade
Convencem-se as populações com propósitos altruístas, ideias generosas e
bons propósitos atenuando reações adversas e, pouco a pouco, lentamente, de
inevitabilidade em inevitabilidade, o país vai sendo conduzido ao açougue do
socialismo.
O “direito inalienável dos Povos à Autodeterminação” deu lugar ao “direito
dos Povos ocuparem incondicionalmente qualquer espaço territorial”, entenda-se;
povos africanos, asiáticos e sul-americanos e territórios Ocidentais.
Aqui, numa confrangedora e abusiva assunção de culpa coletiva, a nacionalidade
é atribuída a qualquer um. Critérios de identificação histórica, convergência
cultural, domínio do idioma e vínculo nacional são postos de parte.
Os novos portugueses são apresentados como “salvadores” dos outros por,
alegadamente, assegurarem as tarefas de que estes foram sistematicamente afastados,
e providenciarem o financiamento do Estado Social.
A matriz demográfica vai-se transformando e a diversidade cultural dá
lugar à desagregação social comprometendo a Nação, requisito primordial dos
países, em qualquer época histórica.
Hoje, as frentes progressistas difundem a necessidade de “africanização
da democracia”, levantando a ponta do véu do objetivo político; a adoção dos
valores culturais e sociais dos “novos nacionais”, relativizando os tradicionais.
A histórica resistência do povo profundo à expansão do progressismo vai
sendo atenuada pela importação maciça de imigrantes, garantindo a hegemonia
política futura dos respetivos partidos políticos.
Sucede porém que tal constitui uma perversão da democracia e do Programa
do MFA na medida em que os partidos deveriam emanar do povo em função dos
vários interesses em jogo e não replicar modelos externos impostos às
populações, conforme agendas dos velhos, mas ainda vivos, internacionalismos
ideológicos.
Vejamos o que disse o Ministro da Coordenação Interterritorial, António
de Almeida Santos:
“O ministro português da Coordenação Interterritorial, António de
Almeida Santos, declarou hoje que a independência será uma das opções do
referendo a realizar em Moçambique dentro de um ano.
Disse que o referendo que vai ser organizado em cada um dos territórios
ultramarinos dentro de um ano “seria mais ou menos baseado no princípio de um
homem um voto”.
Depois de informar que os menores de 18 anos não votariam, acentuou que
não se trataria de um referendo adequado caso fosse seguido o sistema anterior
de apenas votarem as pessoas que sabem ler e escrever.
A respeito da luta que há dez
anos grassa no território contra os guerrilheiros da Frelimo, o Dr. Almeida
Santos afirmou estar “absolutamente fora de questão” admitir a possibilidade de
não se chegar a acordo com os dirigentes da Frelimo.”
República, 21 de Maio de 1974
Mas o referendo não se efetuou
contrariando o estipulado no Programa do MFA, e as promessas feitas ao povo
português, metropolitano e ultramarino.
Nem novos nem velhos, nem letrados nem analfabetos, nem pretos nem
brancos, nem sequer como no anterior regime; ninguém foi chamado a
pronunciar-se!
Os novos democratas, autoproclamados antifascistas, que, de cravo ao
peito cantavam a Grândola, “O Povo é quem mais ordena…”, decidiram pelo povo,
traindo-o.
Os interesses americanos e soviéticos, e dos nossos atuais parceiros
europeus, representados pelos partidos dominantes da época em Portugal, PS e
PC, sobrepuseram-se ao “direito inalienável dos povos autodeterminação”.
A democracia portuguesa começou com uma grande mentira, a promessa da
autodeterminação.
O sublinhado é meu.
Peniche, 2 de Outubro de 2022
António
Barreto
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