Um campeão define-se no
momento certo
O
resultado do jogo de ontem, 1-2 para o Porto, foi justo. A
equipa azul foi a melhor em quase todo o tempo de jogo. Ciente de que
uma derrota a afastaria, em definitivo, do título, arriscou tudo.
Receosa da qualidade ofensiva da equipa encarnada, retirou-lhe a
iniciativa do jogo pressionando integralmente a sua defesa logo na
área, começando pelo guarda-redes. Deste modo a equipa do Benfica
não conseguia elaborar os seus movimentos ofensivos. No
meio-campo, os jogadores azuis sempre se mostraram mais lestos e
agressivos a atacar a bola, antecipando-se frequentemente.
Estranhamente, os encarnados insistiram em iniciar as jogadas a
partir da defesa, condenando a maior parte delas ao fracasso, em vez
de optarem por lançamentos em profundidade para as costas da defesa
contrária, onde Rafa, Ramos e Mário, poderiam fazer estragos,
criando desequilíbrios. Curiosamente, foi o que fizeram os azuis;
lançamentos longos a partir da defesa, obrigando os encarnados a
recuar no terreno.
Apesar
disso, o Benfica adiantou-se no marcador, numa bela jogada pela
direita, com um centro bem medido e uma cabeçada fulminante, apesar
de alguma sorte no ressalto no guarda-redes, após a bola ter batido
na barra, com estrondo. E
o segundo golo poderia bem ter acontecido, não fora a reação do
Pepe, num último esforço, ter desviado a bola com o bico da bota,
um instante antes de Ramos desferir o remate, a cerca de três metros
da linha de baliza. Foi este o lance que decidiu o jogo.
Os
azuis não se desmancharam; mantiveram o perfil do seu jogo, fazendo
o empate num forte remate na área encarnada perante a apatia da
defesa, e vendo dois golos anulados ainda antes do intervalo. Bem
anulados ambos, o primeiro por falta sobre o guarda-redes, e o outro
por fora-de-jogo de 6 cm, algo de que discordo.
O
reatar da 2ª parte não trouxe alterações, com os azuis a
pressionar alto e os vermelhos a querer recuperar a vantagem. E
venceram; mais um descuido defensivo deu o golo da vitória, num
lance em que me parece que Odisseias poderia ter feito melhor.
Em
vantagem, Conceição alterou a tática da equipa, refrescando o
meio-campo e recuando-a, dando a iniciativa de jogo ao adversário e
atacando em transições e em ataque apoiado. Com a iniciativa de
jogo, os encarnados tiveram sempre dificuldade em construir lances
ofensivos de qualidade, graças à coesão e intensidade defensiva
contrária. Os remates de meia-distância foram escassos, os centros,
geralmente rasteiros, eram sucessivamente intercetados e nos
ressaltos, os azuis estavam sempre em superioridade numérica.
A
equipa do Benfica bateu-se bem mas faltou-lhe intensidade e
inteligência para romper a teia contrária, como fez no lance do seu
golo. Musa entrou demasiado tarde, bom no jogo aéreo e a rematar com
os dois pés, ocuparia os centrais adversários deixando espaço os
alas e para as entradas mortíferas de ramos, equilibrando o défice
numérico na área.
A
nomeação da dupla Soares Dias-Tiago Martins, de má memória para o
Benfica, deu o mote ao jogo, mostrando ostensivamente quem manda no
futebol nacional. O desempenho da dupla de arbitragem, seguiu o
padrão já conhecido; cartão amarelo aos encarnados logo a abrir -
Florentino -, para
condicionar a equipa, permissividade aos azuis - Otávio deveria ter
sido punido com o amarelo no mesmo lance, ficou por assinalar uma
falta sobre Grimaldo quando entrava isolado na área contrária e
ficou por punir disciplinarmente o jogador que retirou Bah
do jogo e o lesionou para o resto da época, etc. Tempo de
compensação insuficiente face ao anti-jogo azul e, incompreensível
momento do termo da partida com a bola ainda no ar em lance ofensivo
do Benfica. Com equipas equilibradas, estas “habilidades” fazem a
diferença.
É
histórica influência no desempenho das equipas em vésperas de jogo
da Liga dos Campeões, ainda mais nos quartos de final. E pode ter
tido efeitos neste caso. Atua ao nível do subconsciente dos atletas,
todos querendo estar presentes numa ocasião que pode ser única. A
disputa do lances é feita com mais cautelas e a intensidade das
movimentações é atenuada.
Também
adquirido é a quebra de ritmo ocasionada pelas paragens para os
jogos das seleções, que, mais uma vez se verificou na equipa
encarnada. Não se compreende a marcação de jogos das seleções
com os campeonatos na fase decisiva! É certamente, a necessidade de
financiamento das federações nacionais e da própria UEFA,
instituição que carece de profunda reforma ou extinção.
Finalmente,
foi miserável toda a campanha que foi feita na comunicação social,
supostamente, envolvendo instituições judiciais, em prejuízo do
Benfica. Até parece que há gente no Ministério Público e nos
Tribunais destacada para prejudicar o Benfica! Quanto à comunicação
social, acho que não escapa um na militância contra o Benfica,
apostados em denegrir a sua história e apesar
magnífico trabalho que tem feito no
desporto. Deploráveis foram as declarações de Francisco Varandas a
lançar “lama” sobre o Benfica, por despeito, apesar dos inúmeros
“telhados de vidro” do clube a que preside lhe retirarem a
autoridade moral para o fazer.
A
derrota é dececionante, mas a equipa encarnada, podendo fazer
melhor, não esteve mal.
O
Benfica está no bom caminho; se pudesse dar um conselho aos seus
dirigentes, dir-lhes-ia para
exigirem o afastamento dos atuais dirigentes da federação e da liga
e para elaborarem um plano de intervenção no espaço público
expondo as teses do clube e desmascarem os seus detratores.
Quanto
ao Varandas, gostaria de vê-lo responder em Tribunal pelas acusações
que fez ao clube.
Peniche,
8 de Abril de 2023
António
Barreto