O Lado Sujo do 25 de Abril
“...O MFA e a nova classe política, consciente do que o povo queria e para ganhar a sua confiança, apressou-se a garantir a concretização, e a curto prazo, das suas aspirações.
Foi a fase dos discursos, encontros, debates, mesas-redondas, saneamentos, e, não se esqueça, ocupação, cuidadosa e bem meditada, dos bons lugares na política, na administração e na economia, donde iam chutando, com o maior impudor, os melhores administradores, funcionários, técnicos e cientistas que o país tinha – a sua maior riqueza.
Na primeira reunião da Assembleia do MFA, a que compareceram pouco mais de duzentos oficiais, fizeram-se as primeiras distribuições. Na segunda apareceram cerca de dois mil, tendo-se então chegado algumas vezes a vias de facto e à invocação dos galões na disputa por um lugar num conselho de administração, pois que os melhores eram os das companhias em que o Estado não tinha participação. Nas outras, os lugares de administração não eram remunerados com tanta generosidade. Eles isso sabiam e como os lugares eram poucos para tantos patriotas, decidiram que cada lugar seria ocupado por três oficiais – um da Força Aérea, outro da Marinha e outro das Forças de Terra – ganhando cada um, por inteiro e com acumulação, o que antigamente ganhava um só e cometente. Precisa o Povo de melhor prova de que foi enganado? Devo esclarecer que esta informação me foi dada no momento por um oficial das Forças Armadas que assistiu a estas primeiras reuniões.”
Fernando Pacheco Amorim
Manifesto Contra a Traição
Peniche, 29 de Abril de 2023
António Barreto
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