Desporto

sábado, 8 de abril de 2023

Um Campeão define-se no momento certo

 

Um campeão define-se no momento certo


O resultado do jogo de ontem, 1-2 para o Porto, foi justo. A equipa azul foi a melhor em quase todo o tempo de jogo. Ciente de que uma derrota a afastaria, em definitivo, do título, arriscou tudo. Receosa da qualidade ofensiva da equipa encarnada, retirou-lhe a iniciativa do jogo pressionando integralmente a sua defesa logo na área, começando pelo guarda-redes. Deste modo a equipa do Benfica não conseguia elaborar os seus movimentos ofensivos. No meio-campo, os jogadores azuis sempre se mostraram mais lestos e agressivos a atacar a bola, antecipando-se frequentemente. Estranhamente, os encarnados insistiram em iniciar as jogadas a partir da defesa, condenando a maior parte delas ao fracasso, em vez de optarem por lançamentos em profundidade para as costas da defesa contrária, onde Rafa, Ramos e Mário, poderiam fazer estragos, criando desequilíbrios. Curiosamente, foi o que fizeram os azuis; lançamentos longos a partir da defesa, obrigando os encarnados a recuar no terreno.


Apesar disso, o Benfica adiantou-se no marcador, numa bela jogada pela direita, com um centro bem medido e uma cabeçada fulminante, apesar de alguma sorte no ressalto no guarda-redes, após a bola ter batido na barra, com estrondo. E o segundo golo poderia bem ter acontecido, não fora a reação do Pepe, num último esforço, ter desviado a bola com o bico da bota, um instante antes de Ramos desferir o remate, a cerca de três metros da linha de baliza. Foi este o lance que decidiu o jogo.


Os azuis não se desmancharam; mantiveram o perfil do seu jogo, fazendo o empate num forte remate na área encarnada perante a apatia da defesa, e vendo dois golos anulados ainda antes do intervalo. Bem anulados ambos, o primeiro por falta sobre o guarda-redes, e o outro por fora-de-jogo de 6 cm, algo de que discordo.


O reatar da 2ª parte não trouxe alterações, com os azuis a pressionar alto e os vermelhos a querer recuperar a vantagem. E venceram; mais um descuido defensivo deu o golo da vitória, num lance em que me parece que Odisseias poderia ter feito melhor.


Em vantagem, Conceição alterou a tática da equipa, refrescando o meio-campo e recuando-a, dando a iniciativa de jogo ao adversário e atacando em transições e em ataque apoiado. Com a iniciativa de jogo, os encarnados tiveram sempre dificuldade em construir lances ofensivos de qualidade, graças à coesão e intensidade defensiva contrária. Os remates de meia-distância foram escassos, os centros, geralmente rasteiros, eram sucessivamente intercetados e nos ressaltos, os azuis estavam sempre em superioridade numérica.


A equipa do Benfica bateu-se bem mas faltou-lhe intensidade e inteligência para romper a teia contrária, como fez no lance do seu golo. Musa entrou demasiado tarde, bom no jogo aéreo e a rematar com os dois pés, ocuparia os centrais adversários deixando espaço os alas e para as entradas mortíferas de ramos, equilibrando o défice numérico na área.


A nomeação da dupla Soares Dias-Tiago Martins, de má memória para o Benfica, deu o mote ao jogo, mostrando ostensivamente quem manda no futebol nacional. O desempenho da dupla de arbitragem, seguiu o padrão já conhecido; cartão amarelo aos encarnados logo a abrir - Florentino -, para condicionar a equipa, permissividade aos azuis - Otávio deveria ter sido punido com o amarelo no mesmo lance, ficou por assinalar uma falta sobre Grimaldo quando entrava isolado na área contrária e ficou por punir disciplinarmente o jogador que retirou Bah do jogo e o lesionou para o resto da época, etc. Tempo de compensação insuficiente face ao anti-jogo azul e, incompreensível momento do termo da partida com a bola ainda no ar em lance ofensivo do Benfica. Com equipas equilibradas, estas “habilidades” fazem a diferença.


É histórica influência no desempenho das equipas em vésperas de jogo da Liga dos Campeões, ainda mais nos quartos de final. E pode ter tido efeitos neste caso. Atua ao nível do subconsciente dos atletas, todos querendo estar presentes numa ocasião que pode ser única. A disputa do lances é feita com mais cautelas e a intensidade das movimentações é atenuada.


Também adquirido é a quebra de ritmo ocasionada pelas paragens para os jogos das seleções, que, mais uma vez se verificou na equipa encarnada. Não se compreende a marcação de jogos das seleções com os campeonatos na fase decisiva! É certamente, a necessidade de financiamento das federações nacionais e da própria UEFA, instituição que carece de profunda reforma ou extinção.


Finalmente, foi miserável toda a campanha que foi feita na comunicação social, supostamente, envolvendo instituições judiciais, em prejuízo do Benfica. Até parece que há gente no Ministério Público e nos Tribunais destacada para prejudicar o Benfica! Quanto à comunicação social, acho que não escapa um na militância contra o Benfica, apostados em denegrir a sua história e apesar magnífico trabalho que tem feito no desporto. Deploráveis foram as declarações de Francisco Varandas a lançar “lama” sobre o Benfica, por despeito, apesar dos inúmeros “telhados de vidro” do clube a que preside lhe retirarem a autoridade moral para o fazer.


A derrota é dececionante, mas a equipa encarnada, podendo fazer melhor, não esteve mal.


O Benfica está no bom caminho; se pudesse dar um conselho aos seus dirigentes, dir-lhes-ia para exigirem o afastamento dos atuais dirigentes da federação e da liga e para elaborarem um plano de intervenção no espaço público expondo as teses do clube e desmascarem os seus detratores. Quanto ao Varandas, gostaria de vê-lo responder em Tribunal pelas acusações que fez ao clube.





Peniche, 8 de Abril de 2023

António Barreto

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