Benfica e Barcelona pertencem ao
restrito grupo de clubes que deram ao futebol a dimensão da poesia, de espetáculo
universal e intemporal, graças à cultura da arte que desde a sua génese adotaram.
Hoje, mais que nunca, têm a obrigação de honrar a sua história fazendo do
próximo encontro uma elegia ao futebol e uma homenagem ao público que, próximo
ou distante, lhes proporciona a existência.
Cruyff e Eusébio são duas das figuras maiores do futebol mundial
que espalharam magia pelos estádios, construindo memórias indeléveis a milhões
de adeptos que, hoje como ontem, as procuram ver ou reviver, erguendo pontes
entre as múltiplas ilhas de angústia que proliferam à nossa volta diariamente.
Mais que o resultado, é esta a responsabilidade maior de todos os atletas
envolvidos.
Comummente reconhecida como a
melhor equipa da atualidade, contando nas suas fileiras com atletas de elite,
entre os quais a superestrela Lionel Messi
que a todos encanta, a equipa do Barcelona, já apurada para os oitavos de
final, tendo confessado publicamente simpatia pela causa do Céltic, jogando em casa, reúne
indiscutível favoritismo. O seu famoso taka-taka, só possível pelo
extraordinário entrosamento proporcionado por atletas de eleição após longos
anos de jogo em conjunto, tem-se revelado altamente eficaz, apesar de
fastidioso, graças, sobretudo, à superlativa capacidade mental, atlética e
técnica de Messi capaz de gerar desequilíbrios
fatais a qualquer defesa. Jogando sem pressão, poderão os seus Técnicos optar
por fazer alguma rotação no plantel e adotar um ritmo mais moderado mas mais
racional e letal, explorando os previsíveis erros defensivos do Benfica.
Necessitando da vitória para
garantir a passagem aos oitavos pela irrazoabilidade da espetativa de uma
derrota do Céltic, em casa, frente ao
desesperançado Spartak, os atletas do
Benfica têm que fazer jus aos pergaminhos do clube, honrando os seus
antecessores e os adeptos, arregaçando
as mangas, mantendo a concentração tática, jogando em bloco, roubando a bola ao
adversário, obrigando-o, também, a correr atrás dela, soltando a sua
criatividade, olhando cada adversário nos olhos, disponíveis para uma luta sem
tréguas a cada milímetro do terreno, do primeiro ao último instante do jogo, solidários,
sem esquecer o instinto “matador” que qualquer dos seus atletas pode protagonizar,
nomeadamente os avançados, em especial o Cardozo com o seu famoso pé esquerdo,
mas também Sálvio, Rodrigo, Ola John,
Gaitan, Enzo ou Máxi. Vencer é a
escola do Benfica, seja quem for o adversário e onde for o embate, sendo esta
convicção de cada atleta, a primeira condição para que tal se concretize.
Não confio na UEFA nem na FIFA,
pois considero que navegam ao sabor das conveniências político-económicas sem
revelarem preocupação efetiva em defender a lealdade e a verdade competitiva.
Na época anterior, o Benfica foi gravemente prejudicado por decisivos e
grosseiros erros de arbitragem nos dois jogos realizados com o Chelsea, nos
quais demonstrou à saciedade ser a melhor equipa. Igualmente, nos últimos encontros
para a mesma competição com o Barcelona o Benfica foi prejudicadíssimo por
arbitragens incompetentes ou comprometidas que, inclusivamente, perdoaram duas
grandes-penalidades claríssimas àquele clube, uma em cada jogo.
O favoritismo deve ser
demonstrado no relvado e a UEFA não deve interferir na verdade desportiva nomeando
equipas de arbitragem a quem parece atribuir
o cumprimento de outros desígnios que não da garantia do cumprimento das
leis do jogo. Quem sabe ver o futebol, sabe interpretar os jogos de bastidores!
É conveniente que o Sr. Platini não se esqueça disto, visto que talvez já se
tenha esquecido do “cheiro da relva”.
AB
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