O jogo de hoje foi um dos raros exemplos, em Portugal, nas últimas décadas, do caminho a trilhar para a sustentabilidade do futebol. Um ambiente de sã rivalidade substituiu a tradicional provocação incendiária implantada nos últimos tempos por gente sem talento, permitindo aos vários agentes concentrarem-se nas respetivas tarefas, com destaque para os jogadores. Sóbrias e pragmáticas foram as declarações de vários intervenientes, antes e após o jogo. É assim que deve ser; ganham os adeptos, ganham os clubes, ganha o futebol. Parabéns a todos, em particular aos Presidentes dos dois clubes.
O Benfica foi superior ao longo dos noventa minutos colocando grande intensidade na disputa dos lances; sufocante na primeira parte tentando marcar cedo, e solidário e letal na segunda; tapando os caminhos da sua baliza e procurando a do adversário sem delongas, uma vez na posse do esférico. Honra à equipa do Sporting que, jogando compacto e com agressividade, apesar de não ter tido boas oportunidades de golo, apesar de, por vezes, apresentar uma linha defensiva de cinco jogadores, e o meio campo sempre muito povoado, quis ganhar. E é isso que o público gosta de ver; duas equipas a tentar ganhar o jogo...à inglesa.
Apesar da evidente determinação dos jogadores do Benfica e da excelência de alguns lances que produziram, faltou sincronismo nalguns deles e, noutros, serenidade na concretização. Gaitan poderia ter marcado no lance em que tentou fazer um chapéu de trivela, ainda na primeira parte, e Rodrigo, que tanto quis marcar, poderia tê-lo feito por duas vezes, já na segunda. É verdade que, em ambos os casos, Patrício, quanto a mim o melhor do Sporting a par de Heldon, tem o seu mérito.
Não há dúvida que Oblak transmite grande segurança à equipa e aos adeptos pela eficácia com que intervém nos lances. Luisão destacou-se na defesa, tal como Máxi, apesar de, já na segunda parte, se ter deixado ultrapassar pelo Heldon, o que poderia ter sido fatal. Aquele, com um cruzamento excecional, proporcionou a Gaitan o explêndido primeiro golo. Porém, também Siqueira e Garay estiveram à altura. Muito bem estiveram Fejsa e Gaitan, sobretudo este, pela sua faceta mais criativa e emotiva, bem patentes no magnífico segundo golo em que deixou Patrício pregado ao solo naquele soberbo remate. Na frente, todos trabalharam muito, destacando-se em Rodrigo a determinação de marcar, parecendo, por vezes, Markovic meio perdido e com défice de potência no remate. Já na ponta final, Amorim, fez o seu trabalho habitual de controle do meio-campo e Cardozo ainda aqueceu a camisola, que não as botas. A vitória nunca esteve em perigo, mas poderíamos ter feito mais um golito.
Cheguei a recear a equipa de arbitragem, mas...tudo correu bem, apesar de alguns erros sem consequências.
Estamos no bom caminho.
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