Começa a desenhar-se o perfil do Benfica 2014-2015 pairando ainda algumas indefinições relevantes, tanto nas saídas - Gaitan e Enzo - como nas entradas - guarda-redes, central, e avançado. Uma alteração e peras face ao plantel da época anterior, que me faz recordar as equipas de rua dos meus tempos de criança e temer a impossibilidade de o Benfica aspirar ao mais alto patamar do futebol europeu a que sempre estivemos habituados. Tal impõe-nos a reavaliação das estratégias internas, nomeadamente acerca das causas do endividamento e respetivas contrapartidas, e da conjuntura exterior, em concreto da transação de jogadores e capitais no futebol europeu, que, claramente, conduz ao crescente desequilíbrio competitivo e, em última análise, à decadência do próprio futebol, pelo risco crescente de afastamento do adepto ao perder a identificação com o seu clube.
Há muito que defendo a importância de o Benfica encontrar financiadores alternativos ao BES, por razões diferentes das que hoje são públicas cujos impactos ainda desconhecemos. "Atacar" o passivo revela-se prioritário para concentração meios no negócio principal - os encargos financeiros anuais são da ordem dos 22 ME. Para tal seria apropriado alocar 50% da receita líquida da venda de jogadores para amortização do passivo, sem descurar a competitividade da equipa, sem a qual, o crescimento é inviável. Uma equação difícil num campeonato cada vez mais descredibilizado pelo atual estado dos organismos tutelares. Quando é que todos - incluindo governos - perceberão a importância de termos um campeonato competitivo e insuspeito?
Antes demais gostei da participação dos netinhos do nosso Eusébio; foi emotivo e bonito. O jogo foi um bom teste e não correu mal de todo, apesar da derrota. O Ajax, como sabemos, tem ótima cultura competitiva e tal esteve patente neste jogo no qual revelou bom domínio dos princípios técnico-tácticos, bom entrosamento e adiantada condição física. Quanto ao Benfica, surpreendeu-me pela positiva; não esperava a consistência demonstrada, nomeadamente no posicionamento, qualidade de passe e progressão. Até poderíamos ter marcado por mais que uma vez. Benito e Talisca não enganam enquanto Eliseu e Bébé são valores seguros, já quanto a César, são necessários mais jogos e ao lado de Luisão para avaliar mosa sua real capacidade para a posição. Teixeira e Cancelo são esperanças em vias de confirmação. Julgo que nos falta mais um trinco - Lisandro Lopez? - e um matador - Cardozo?, Derley? -, sem falar, claro no guarda-redes que, espero, seja o Romero, que nada fica a dever ao Oblack ou outro qualquer.
Trabalho, muito trabalho, e talento, é o que se espera de todos, para pôr esta equipa a jogar futebol de primeira. Esperemos que, com a aprendizagem, esta regressão proporcione novo e melhor estágio competitivo à equipa do que na época anterior, visto que os nossos rivais estão a apostar forte.
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