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A formação e certificação deve ser profissionalmente relevante e acessível a todos reconhecendo as competências adquiridas no terreno, recorrendo a métodos presenciais e não presenciais e parcialmente financiada pela UE, contrariamente ao que se verifica actualmente nalguns sectores, como, por exemplo o da refrigeração, onde Técnicos e Empresários tudo pagam, afinal, para salvação do planeta!
Constituindo a tecnologia avançada uma das áreas económicas de maior rentabilidade, característica dos países mais prósperos, e ideia do choque tecnológico seria boa se tivesse convocado especialistas económicos e universitários, capitalistas e governo, para a concepção, fabrico e comercialização global dos equipamentos e sistemas decorrentes. Como fazem, por exemplo, alemães, holandeses, suecos, noruegueses, franceses, ingleses, dinamarqueses, italianos, belgas, etc. Mas não!, demagogicamente, hipocritamente, atiraram-se aos Técnicos para mostrar serviço, quem sabe, ao já designado "partido invisível".
Tudo isto vem a propósito das declarações no Correio da Manhã de hoje (pág. 47) do Bastonário da Ordem dos Engenheiros, segundo as quais a redução crescente dos alunos da área da engenharia se deve "à desvalorização da engenharia na sociedade" , à incapacidade das escolas "cativarem os alunos para as áreas tecnológicas", referindo o exemplo da série "Morangos com Açucar" onde diz não haver um único personagem interessado em Engenharia e finalmente, imputando ao Ministério da Educação a responsabilidade pela não inclusão na sua página infocursos das áreas de engenharia. A tudo isto acrescento eu que, quem destruiu o Ensino Técnico estigmatizando-o ao destinar-lhe os alunos mal sucedidos, não deve aspirar ao sucesso de qualquer "choque tecnológico" de meia tijela.
Quem é incapaz de sobrepor ao fascínio da Física da Matemática e do Português ao facilitismo das exóticas e inúteis áreas de papel e lápis, fomentando uma falsa economia do conhecimento sustentada na cultura pós-moderna que se tem difundido como uma praga, não pode ter aspirações a qualquer espécie de progresso tecnológico. Primeiro é necessário dignificar a actividade técnica a todos os níveis, sem as quais emergiria a barbárie, dignificar o trabalho e fomentar o respeito de cada um e das instituições por cada trabalhador honrado. E é nisto que consiste aa essência da democracia. Nem todos poderemos ser "Chefes de Mina" como referiu Mandela, mas nem só os Chefes de Mina têm direito à consideração geral e sem Mineiros, a mina não funciona.
É exigir muito da 4ª República?
(Foto de Vaco Grilo)
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