De acordo com uma crónica do CM de 13/01/2018 no seu suplemento Sport, no final da época de 2016/2017, a sociedade Benfica SAD registava um passivo de 438,3 milhões de euros e 284,5 milhões de euros de dívida financeira, valores sensivelmente idênticos aos que se verificavam no início do ciclo do tetra campeonato em 2013/2014. Neste período realizou 359,3 milhões de euros em vendas, cujos custos ascenderam a 57,8 milhões, resultando num resultado líquido de 301,5 milhões, reduziu o passivo bancário de 190 milhões para 68,5 milhões e aumentou os empréstimos obrigacionistas de 95 milhões para 216 milhões. Também recentemente, a UEFA, deu conta de um passivo líquido da Benfica SAD de 309 milhões de euros; o segundo maior dos clubes europeus, logo atrás do Manchester United.
Se tivermos em conta a atual conjuntura bancária em Portugal, caracterizada pelo encerramento de vários bancos e a exigência aos restantes, pelas autoridades de supervisão, de aumento dos rácios de capital, menor risco nos empréstimos concedidos e de limpeza das imparidades dos seus balanços, e ainda o encerramento do fundo de investimento da SAD por imposição da FIFA, perceberemos a enorme pressão financeira que se abateu sobre o Benfica. Com uma dívida líquida de cerca de 150 % do seu orçamento anual - grosso modo, de 200 milhões de euros; o do United, apesar de maior em termos absolutos, constitui apenas cerca de 30 % da faturação anual deste clube, próxima dos 1000 milhões de euros, o Benfica atingiu o limite da sua capacidade de endividamento financeiro.
A solução encontrada para fazer face à pressão bancária - amortização do capital - e ao encerramento do fundo, foi a formação. Mesmo a tempo! Com efeito, graças ao investimento iniciado nos dez anos anteriores, o Benfica conseguiu colocar vários jovens das suas escolas no mercado, realizando o capital necessário à resolução do fundo e aos compromissos bancários do momento. Uma contrariedade para os adeptos, que esperavam desfrutar da excelência dos seus ídolos emergentes, dos quais, o mais mediático, Bernardo Silva, mas também João Cancelo, Ivan Cavaleiro e outros.
Superado o momento compreende-se a incontestabilidade da aposta na formação, quer pelo financiamento direto que propicia - com maior valor acrescentado face à redução de custos correspondentes -, quer pela redução de custos na aquisição externa de jogadores para a equipa de seniores. O desafio consiste em fazê-lo mantendo ou elevando, quer o nível da formação quer o da competitividade desportiva da equipa sénior, sem a qual nada funcionará. Compreende-se assim o projeto de expansão da infraestruturas do Seixal, que visam massificar a formação; alargando a base de recrutamento, melhora o caudal de jogadores de alto nível.
O fundo de investimento da SAD constituía uma almofada financeira que permitia estabilizar a tesouraria e a equipa, dando-lhe competitividade, e ainda a realização de apreciáveis mais-valias regularmente. Infelizmente, com o falso pretexto da origem suspeita dos capitais dos fundos, provavelmente pressionada pelos grandes clubes, a FIFA impôs a abolição dos mesmos. Inexplicavelmente consente certas operações, essas sim, escandalosas, de patrocínio das competições por entidades proprietárias de clubes que nelas participam. É por estas e por outras que, quer a FIFA, quer a UEFA, carecem de credibilidade junto dos adeptos do futebol.
Contudo, uma realidade preocupante interpela-nos; apesar da receita de vendas que se verificou no período indicado, o passivo manteve-se - note-se que a UEFA regista uma redução do passivo líquido de oito por cento, cerca de 26 milhões de euros. Compreende-se a necessidade de investir para ganhar, mas não se continuará a ganhar amarrado a um passivo tão elevado. Este é o grande desafio a sobrepor-se ao anterior, a exigir gestão económica mais criteriosa. Grosso modo, podemos identificar elevados custos de intermediação - 57,5 milhões de euros - que urge reduzir a metade. Por outro lado, a estratégia de recrutamento de jogadores deve ser revista; o clube continua com cerca de uma centena de jogadores nos seus quadros disseminados por outros clubes!Compreendo que constitua um negócio paralelo que propicie um fluxo financeiro regular, mas cujos resultados carecem de validação. Há que fazer um balanço económico setorial detalhado que permita tirar conclusões definitivas. Quanto a mim, não se justifica, quer pelos encargos diretos, quer pelo esforço administrativo e comercial inerente, quer, sobretudo, pela aposta na formação. Identificar e eliminar gorduras numa estrutura que continua a crescer é tarefa a não descurar, tal como a redução dos custos de financiamento, através da rotação do capital. Por mim, sugeriria uma estratégia de redução gradual do passivo alocando à amortização do capital, por exemplo, 50 % das mais-valias da venda de ativos, implacavelmente.
Um olhar crítico do endividamento do Benfica SAD, remete-nos para a opção da construção do Estádio, pois é essa a causa primordial. Foi a opção política de realização de um grande evento desportivo em Portugal que arrastou os clubes nacionais para um endividamento que os asfixia, retirando-lhes competitividade face aos congéneres externos. No caso do Benfica, é altura de os benfiquistas fazerem um balanço da opção pela construção do novo estádio. Recordo o propósito anunciado de o financiamento ser liquidado em doze anos com o acréscimo de receitas que proporcionaria e recordo o projeto de requalificação do velho estádio, cujo custo era de 4 milhões de contos - cerca de 20 milhões de euros. Salvo o erro, o passivo do Benfica nessa época era de 2 milhões de contos - cerca de 10 milhões de euros. Com um passivo de 30 milhões de euros, um investimento assegurado de 100 milhões na constituição da SAD, a competitividade do clube seria maximizada logo no primeiro ano e as vitórias poderiam ter surgido mais cedo. Sei que pouco adianta, agora, este exercício, mas também sei que compreender o passado é a melhor forma de prevenir o futuro.
PS: Excelente vitória de 3-0 sobre o Desportivo de Chaves, graças a um futebol de grande qualidade até à última meia-hora de jogo, ocasião em que Rui Vitória mandou abrandar e o jogo se tornou fastidioso. Estádio cheio, dinâmica fantástica na recuperação da bola, criatividade e intensidade na circulação da bola e movimentação dos jogadores, e grandes golos, em especial o primeiro. A equipa sintonizou-se com os adeptos ganhando maior motivação. Preocupação com a lesão de Krovinovik. Dois bons Treinadores que se limitaram a explicar o jogo proporcionando a quem os ouviu, a oportunidade de aprender a desfrutar melhor do espetáculo do futebol. Luís Castro, mais uma vez, mostrou ser um portista invulgar, a merecer a minha saudação.
Força Benfica!
A solução encontrada para fazer face à pressão bancária - amortização do capital - e ao encerramento do fundo, foi a formação. Mesmo a tempo! Com efeito, graças ao investimento iniciado nos dez anos anteriores, o Benfica conseguiu colocar vários jovens das suas escolas no mercado, realizando o capital necessário à resolução do fundo e aos compromissos bancários do momento. Uma contrariedade para os adeptos, que esperavam desfrutar da excelência dos seus ídolos emergentes, dos quais, o mais mediático, Bernardo Silva, mas também João Cancelo, Ivan Cavaleiro e outros.
Superado o momento compreende-se a incontestabilidade da aposta na formação, quer pelo financiamento direto que propicia - com maior valor acrescentado face à redução de custos correspondentes -, quer pela redução de custos na aquisição externa de jogadores para a equipa de seniores. O desafio consiste em fazê-lo mantendo ou elevando, quer o nível da formação quer o da competitividade desportiva da equipa sénior, sem a qual nada funcionará. Compreende-se assim o projeto de expansão da infraestruturas do Seixal, que visam massificar a formação; alargando a base de recrutamento, melhora o caudal de jogadores de alto nível.
O fundo de investimento da SAD constituía uma almofada financeira que permitia estabilizar a tesouraria e a equipa, dando-lhe competitividade, e ainda a realização de apreciáveis mais-valias regularmente. Infelizmente, com o falso pretexto da origem suspeita dos capitais dos fundos, provavelmente pressionada pelos grandes clubes, a FIFA impôs a abolição dos mesmos. Inexplicavelmente consente certas operações, essas sim, escandalosas, de patrocínio das competições por entidades proprietárias de clubes que nelas participam. É por estas e por outras que, quer a FIFA, quer a UEFA, carecem de credibilidade junto dos adeptos do futebol.
Contudo, uma realidade preocupante interpela-nos; apesar da receita de vendas que se verificou no período indicado, o passivo manteve-se - note-se que a UEFA regista uma redução do passivo líquido de oito por cento, cerca de 26 milhões de euros. Compreende-se a necessidade de investir para ganhar, mas não se continuará a ganhar amarrado a um passivo tão elevado. Este é o grande desafio a sobrepor-se ao anterior, a exigir gestão económica mais criteriosa. Grosso modo, podemos identificar elevados custos de intermediação - 57,5 milhões de euros - que urge reduzir a metade. Por outro lado, a estratégia de recrutamento de jogadores deve ser revista; o clube continua com cerca de uma centena de jogadores nos seus quadros disseminados por outros clubes!Compreendo que constitua um negócio paralelo que propicie um fluxo financeiro regular, mas cujos resultados carecem de validação. Há que fazer um balanço económico setorial detalhado que permita tirar conclusões definitivas. Quanto a mim, não se justifica, quer pelos encargos diretos, quer pelo esforço administrativo e comercial inerente, quer, sobretudo, pela aposta na formação. Identificar e eliminar gorduras numa estrutura que continua a crescer é tarefa a não descurar, tal como a redução dos custos de financiamento, através da rotação do capital. Por mim, sugeriria uma estratégia de redução gradual do passivo alocando à amortização do capital, por exemplo, 50 % das mais-valias da venda de ativos, implacavelmente.
Um olhar crítico do endividamento do Benfica SAD, remete-nos para a opção da construção do Estádio, pois é essa a causa primordial. Foi a opção política de realização de um grande evento desportivo em Portugal que arrastou os clubes nacionais para um endividamento que os asfixia, retirando-lhes competitividade face aos congéneres externos. No caso do Benfica, é altura de os benfiquistas fazerem um balanço da opção pela construção do novo estádio. Recordo o propósito anunciado de o financiamento ser liquidado em doze anos com o acréscimo de receitas que proporcionaria e recordo o projeto de requalificação do velho estádio, cujo custo era de 4 milhões de contos - cerca de 20 milhões de euros. Salvo o erro, o passivo do Benfica nessa época era de 2 milhões de contos - cerca de 10 milhões de euros. Com um passivo de 30 milhões de euros, um investimento assegurado de 100 milhões na constituição da SAD, a competitividade do clube seria maximizada logo no primeiro ano e as vitórias poderiam ter surgido mais cedo. Sei que pouco adianta, agora, este exercício, mas também sei que compreender o passado é a melhor forma de prevenir o futuro.
PS: Excelente vitória de 3-0 sobre o Desportivo de Chaves, graças a um futebol de grande qualidade até à última meia-hora de jogo, ocasião em que Rui Vitória mandou abrandar e o jogo se tornou fastidioso. Estádio cheio, dinâmica fantástica na recuperação da bola, criatividade e intensidade na circulação da bola e movimentação dos jogadores, e grandes golos, em especial o primeiro. A equipa sintonizou-se com os adeptos ganhando maior motivação. Preocupação com a lesão de Krovinovik. Dois bons Treinadores que se limitaram a explicar o jogo proporcionando a quem os ouviu, a oportunidade de aprender a desfrutar melhor do espetáculo do futebol. Luís Castro, mais uma vez, mostrou ser um portista invulgar, a merecer a minha saudação.
Força Benfica!
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