De tudo que tenho lido sobre o fado é o ensaio do inglês Barry Hatton, no seu livro “Os Portugueses” que melhor o define:
"(…) Apesar de ser decerto
melancólico e lacrimejante, o fado não é acerca da resignação. Há nele um
arrebatamento consentido. É acerca da coragem, de uma celebração da vida,
apesar dos obstáculos, acerca da fé. A paixão da vida espreita nas suas
entranhas É um lamento alegre. É isso que nos arrepia a pele, mesmo que não
consigamos compreender as palavras. Os cantores do fado poderão chorar a sua
desgraça, mas não desistem, nem nunca desistirão. Maldizendo a infelicidade, é
o sofrimento é o sentimento íntimo que é contado, forte, em público, e o
desafiador cantor solitário continua de pé no final, numa exibição metafórica
da resistência portuguesa. Uma sessão de fado oferece um cativante solilóquio -
o do intérprete contra os elementos.”
Peniche 21 de Fevereiro de 2021
António Barreto
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