Desporto

sábado, 3 de setembro de 2022

Um Pouco de História (VIII)

 

As mulheres na República Romana

 

  “O traço mais grave e mais geral da vida elegante dos romanos do fim da república é a liberdade das mulheres, que são como os homens; Têm as mesmas ocupações, os mesmos negócios. Casam-se e descasam-se com frequência. Passam de mão em mão: Lúculo casou com Clódia; depois com Servília, irmã de Catão, mãe de Bruto, amente querida de César; com Servília de quem se dizia faltar-lhe só um dos vícios de Clódia – o ter sido amante dos irmãos. O próprio Catão divorcia-se a pedido de um amigo, e quando o amigo morre volta a casar com a mulher de quem se separara. O celibato ia-se tornando regra e o malthusianismo no matrimónio era, como é hoje, a lei de toda a gente rica. Emancipadas, as mulheres intrigam, conspiram; nos seus salões dão o tom à política e fazem dos seus amantes instrumentos. César tê-las ia como sócias – César que se deitou em todos os leitos de Roma. Terência governa Ciro, Fúlvia Marco António. No Verão, as praias eram a época privilegiada do reinado feminino: em Abril suspendiam-se as sessões do Senado e começavam os passeios, as pescas, os piqueniques, onde as intrigas de amor se entrelaçavam com as políticas, e as leoas romanas traziam pelo beiço os janotas efeminados em cujas mãos estavam os destinos da república. Livres, as mulheres mostravam uma cobiça ainda superior à dos homens, porque a mulher, mais fina, mais artista, era requintada em tudo. Era célebre Afrânia, esposa do senador Licínio Búcio, pela sua paixão pelas demandas: ela em pessoa ia advogar as causas perante o pretor, atroando o Foro com a sua eloquência histérica. Tinha passado em moda dizer que uma mulher atrevida era uma afrânia.

   Também só os casos excessivos eram capazes de impressionar o romano blasé. As dançarinas, as atrizes, as cantoras, as citarinas e toda a espécie de cortesãs mais ou menos artistas tinham-se tornado o enlevo das senhoras da boa sociedade, que lhes copiavam as modas imitando-lhes os costumes. Précia foi uma espécie de Sara Bernhardt: foi amante de Betego e em seu nome governou a república. Os escândalos repetiam-se diariamente e constituíam o melhor das conversas. Só um caso excepcional, como foi o de Clódio em casa de César, já pontífice, era capaz de dar brado.”

Agripina Maior 14 a.C

História da República Romana

Oliveira Martins

Peniche, 03 de Setembro de 2022

António Barreto

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