PARABÉNS BENFICA
O Benfica é o justo vencedor da supertaça 2022/2023, um troféu de que, por vicissitudes várias, próprias e alheias, se viu afastado no passado, em especial na última década do século XX e primeira do século XXI. Na minha memória continua bem viva a fuga de José Pratas, em pleno relvado, ante a fúria dos jogadores portistas numa final realizada em Coimbra. Uma final caricata num período em que as vitórias do Porto pareciam desígnio nacional.
A saída de Gonçalo Ramos nas vésperas do jogo, deixara alguma desilusão nas hostes encarnadas. O incompreensível castigo a Neres, anulado posteriormente, parece ter tido a dupla finalidade de provocar instabilidade no clube encarnado e, por outro lado, atenuar o escândalo da suspensão do castigo ao Treinador do Porto. As incidências no final da partida demonstraram o erro de tal decisão.
O Porto iniciou muito bem a partida; alta intensidade, pressão altíssima - logo à saída da área adversária -, velocidade, antecipação, agressividade, verticalidade, dinâmica de bloco - todos a atacar e todos a defender -, com linhas de passe variadas e situações de finalização, porém ineficazes.
Aos 14 minutos o Benfica viu o 1º cartão amarelo e cerca de 10 minutos depois já tinha o 3º! Pensei o pior; “o árbitro vai tramar o Benfica; não tarda sai uma expulsão”.
Nesta fase os jogadores encarnados não conseguiam “assentar jogo”. Precisavam de segurar a bola para clarificar ideias e não tinham tempo nem espaço para isso. Praticavam um futebol lento, sem fluidez, aqui e ali interrompido por alguns lances ofensivos algo inconsequentes face às marcações dos adversários. Porém, a linha defensiva encarnada conseguiu impedir, estorvar q.b, os movimentos de finalização dos opositores e manter a sua baliza incólume. Tal revelar-se-ia decisivo.
A 2ª parte trouxe outro Benfica. A lentidão deu lugar à rapidez, a passividade à agressividade, o individual ao coletivo, o relvado “tingiu-se de vermelho” num movimento avassalador amplo e profundo. O adversário perdeu a iniciativa, o discernimento e o primeiro golo surgiu, perfumado, dos pés de Di Maria, na sequência de uma recuperação alta de Korkçu. E não, o excelente Diogo Costa não foi mal batido, atirou-se bem, mas… a bola, rematada com a face interior do pé esquerdo contornou-o e foi aninhar-se ao 2º poste. É destes lances que vive o futebol.
O golo da tranquilidade, o 2º, veio pelo inevitável Musa, bem ao seu estilo, na sequência dum cruzamento da direita de Rafa o “novo pequeno genial”; receção, na área, e remate forte de pé direito ao 1º poste, ante a marcação do defesa e sem hipótese para o guarda-redes.
Sem grandes alterações decorreu a partida até final, com o Benfica mais próxima de fazer o 3º golo do que o Porto o 1º e com o árbitro a poupar nos amarelos aos azuis, talvez ainda à espera de algum “milagre”.
De resto as habituais picardias e manobras de diversão em que jogadores, técnicos e dirigentes portistas são especialistas e a que recorrem sempre que não ganham. Desta forma deslocam os motivos de debate para temas acessórios e não desportivos.
Lamento que, apesar do “toda a gente” desde comentadores desportivos e dirigentes políticos, defenderem, em público, a necessidade de pacificação do desporto e de afastamento dos “bárbaros da bola”, haja membros do Governo e outros políticos a apoiarem a “enésima” recandidatura de um dos dirigentes desportivos que tem dedicado a sua vida à difusão do mal estar, até ao ódio, entre adeptos e mesmo cidadãos em geral.
Peniche, 12 de Agosto de 2023
António Barreto
Sem comentários:
Enviar um comentário