Desporto

domingo, 10 de setembro de 2023

Em Frente, Benfica!

 

Em Frente, Benfica!


À quarta jornada, a equipa do Benfica, revelou, perante o Vitória e os seus adeptos, estar em vias de consolidar novos equilíbrios e dinâmicas no seu jogo.


As saídas de Grimaldo e Ramos, peças fundamentais na manobra ofensiva da equipa, deixaram pesadas incertezas. Adaptado à esquerda, Aursnes parece dar conta do recado. Quanto ao ataque, ainda há uma vaga; pelo que tem feito Musa tem a primazia, mas é grande a expectativa em torno de Cabral, que vem rotulado de craque.


Sobre Musa, que “molha a sopa” quando começa no banco, paira a dúvida da sua veia concretizadora jogando a titular. É diferente entrar no jogo com indicações precisas de posicionamento e movimentação, e perceber o mesmo por si próprio a partir de dentro. Acredito nele; remata bem com os dois pés, sabe cabecear, aguenta as cargas e tem sentido de baliza; “não pede licença” para rematar. E marca.


Cabral,vem de um campeonato competitivo e, pelo pouco que se viu, parece saber movimentar-se na área, tem “cabedal” e remate espontâneo, está em má condição física e precisa de tempo para se adaptar à equipa.


A saída de Odisseias, não sendo inevitável, era previsível; titularíssimo há várias épocas, não aceitou a condição de suplente. A verdade é que tem lacunas que nunca superou; no jogo aéreo nas saídas e no jogo com os pés. Grande guarda-redes, grande profissional, deu muito ao clube, mas Schmidt resolveu melhorar a posição. E não hesitou; educadamente, cordialmente, tomou a sua decisão e aceitou a de Odisseias, sem ressentimentos.


Samuel é da casa, tem potencial e revela serenidade, mas, pelo que vi nos vídeos, Trubin será o futuro guarda-redes. É craque.


Di Maria trouxe a magia, o perfume, do futebol argentino e o amor ao clube; criativo, sereno, imprevisível, joga e faz jogar, sendo um estímulo para colegas e adeptos.


Rafa está ainda mais maduro e eficaz, Korkçu é um jogador de topo, a defender, a distribuir e a rematar, e Neres criativo e desequilibrador continua a ser a gazua das muralhas defensivas adversárias. Os restantes titulares mantêm os níveis anteriores e acabou de chegar um defesa-esquerdo credenciado. Aursness poderá deslocar-se para o “miolo” onde será ainda mais útil.


A Direção mostra estar atenta, é ambiciosa e não tem medo de o assumir. É da natureza do Benfica querer ganhar qualquer prova em que esteja envolvido, incluindo a Liga dos Campeões. A cultura da resignação foi substituída pela de ambição e de sereno destemor.


Quanto à envolvente institucional tutelar, continua a vigorar, desde os anos oitenta, o “Reino da Traulitânia”; abrindo a época com mais um castigo ao Presidente do Benfica, uma arbitragem discricionária na derrota da primeira jornada e a segregação dos adeptos; restringindo-lhes o acesso aos estádios, proibindo-lhes o uso de adereços do clube e exigindo-lhes valores exorbitantes pelos ingressos.


Desta vez, com o pretexto de desencorajar o anti-jogo, decidiram, as “altas esferas”, contabilizar as paragens provocadas por simulação ou fingimento, no tempo de compensação! E o resultado não é bonito; o jogo desenrola-se, por vezes, sem termo definido, especialmente quando está em causa a necessidade da equipa dos “trauliteiros”. Não há limite para a imaginação nem para o ridículo. De tal modo que a chacota é geral e parece ter passado fronteiras.


A tudo isto, a Comunicação Social, em geral, relativiza a gravidade das “anomalias”, com registos e comentários pífios, apressando-se a servir de caixa de ressonância das eternas vítimas do centralismo alfacinha.


Quanto ao Governo e partidos políticos, fingem não ver, preferindo cantar loas ao principal causador do mal-estar,, através do qual julgam aceder ao coração dos adeptos eleitores.


Quando se sacrificam princípios, morais e cívicos, e o interesse geral às conveniências particulares ou políticas, de nada servirão, encómios como a patética alusão aos “melhores do mundo”, nem VAR, nem trinta mil árbitros, que fossem. A credibilidade ao futebol e do desporto nacional afirma-se pela postura dos seus agentes, desde jogadores e técnicos a dirigentes.


Cabe ao Benfica continuar a trilhar, sem desfalecimentos nem desvios, o seu caminho, com os seus adeptos, e manter-se a tento e interventivo a nível institucional, denunciando e combatendo, em todas as frentes democráticas, as habituais e espúrias habilidades de alguns dos seus adversários.




Peniche, 10 de Setembro de 2023

António Barreto

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